domingo, 25 de outubro de 2009

Metáfora da Vida

Observo-a a cair vagarosamente

Tudo está tão calmo, tão sereno

Parece o dia em que dimanei

A felicidade emana de mim,

Mas males errantes subsistem em mim

Sinto-me perdido, sozinho

Desamparado pelos que amo

As folhas da minha vida caducam

E ela afrouxa como a chuva que cai

Tento decifrar o que me atormenta

Mas já não sei que fio de vida segurar

Chega a hora do esperado baque,

O pano da vida cai,

É a vida em metáfora.

Gonçalo Camões

13.05.2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Exilado

Olá amiga… hoje sinto-me exilado deste mundo. É assombroso o modo como a sociedade nos observa, sociedade essa, tão completa e tão ineficaz, em que, como diria Sócrates “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”. Toda esta confraria padece desta ignorância malévola que nos faz colocar de parte os sentimentos e nos incita a ter condutas irracionais que são levadas a cabo de experiências. Eu sou só mais um desses, que afoga as mágoas e dores no bafo de um cigarro, tirando assim mais uns segundos da minha vida. Sinto-me um expatriado a quem a dita azulou, e a quem os anos arcaicos são apenas memórias de uma puerícia feliz enlaçada de anseios e utopias inalcançáveis.
Não estou no meu mundo, pelo menos é o que o meu coração me dita, e não há maneira de o contrariar. Todos estes meus ensejos e amarguras são obra da minha inexistência perante aqueles que por mim passaram. Não depreendo que criatura sou, nem o que faço aqui, resido à parte de todos.
Quem me trouxe ao mundo iludiu-me numa nuvem, impossibilitando-me visionar a realidade, mas, apesar de tudo, não os censuro por saber ser esse o seu papel. E tu sentes-te assim? Diz-me… serei o único que o cogita?... “Quanto mais amor temos, tanto mais fácil fazemos a nossa passagem pelo mundo.” ditava Kant aos seus seguidores. Será esse o meu problema? Falta de amor? Penso como será quando todos morrerem, serei eu o único, só, sem propósito de vida, abandonado pelos que amo.
Guardo recordações numa caixa em nome do meu bem-querer por outro ser… e quando falecer que lhe acontecerá? Perder-se-á no lixo, queimá-la-ão ou será vendida em leilão como um artefacto histórico provando a paixão dos tempos antigos?...
“E aqueles, que por obras valorosas/ se vão da lei da morte libertando” são versos que não me induzem um pingo de veracidade, pelo menos eu não o pressinto… eventualmente todos iremos ter o nosso final.
E a religiosidade de que serve então se vivemos num mundo imperfeito, onde habitam doenças e sagas que devastam populações? Não consigo parar de pensar em como posso alcançar a felicidade com tanto desastre à minha volta. Diz-me, serei eu normal ou apenas mais um que não acredita na figura de Deus?
Tanto que procurar, tantos livros gastos sem resposta, tantos pensamentos examinados ao pormenor e continuo infeliz… sabes tu encontrar a felicidade?

Gonçalo Camões
5/01/2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Z.

Fugaz dor me ocorre hoje,
Enquanto a chuva se debruça
Espreitando por pensamentos proibidos
Enlaçados pelo teu ser

Choro no recosto do comboio
Enquanto este, parte de ti
Deixando-me só e cogitante
Em memórias de bem-querer no tempo

Relembro agora o dia,
O dia em que irrompeste pela porta
Suscitando teu olhar ocêanico em mim
Deixando-me desprotegido de teu amor

São apenas fragmentos de recordações
Agora, para sempre perdidos no tempo.


Gonçalo Camões
20/10/2009