quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Life in a motion.


Foco-me noutros pensamentos, noutras almas que me ditam o humor e em perspectivas de vida que vejo serem cada vez mais distantes.
Sei o que quero, tenho consciência das decisões que tomei, do rumo que elas levam, apenas me parece que algumas das minhas hipóteses para o futuro vão sendo adiadas, estou a ficar exausto outra vez e não sei como não bater no fundo.
Odeio mil e uma partes da minha vida, não coisas relativas a mim, apenas coisas sobre as quais não fruo controlo, coisas que me são alheias, mas que me envolvem como um todo, vou por arrasto...
Sinto-me a perder as forças, sinto-me a perder a confiança e a fé nas pessoas, a ver que cada palavra embutida em apoio, ajuda, amor, entre tantas outras coisas, são puras falsidades.
Olho pela janela e o dia já não me sorri, apenas a noite me abraça, mas esta não me deixa contemplar a pureza das pessoas, esconde os seus sentimentos, esconde a sua verdadeira raça, aquilo de que são feitos.
Vejo a minha familia a definhar, a morrer aos poucos, a ser uma presença constante, que tanto se ausenta. Triste.
Apetece-me fugir como não me apetecia à tanto tempo, parecia que essas memórias já se tinham tornado em algo erudito, enganei-me, voltaram em força, desta vez estão-me a moer, quero ficar longe daqui e de tudo o que me rodeia, anseio pela solidão.
Bafos quentes de cigarro fogem pela janela e prevêm o rumo das próximas horas, nesta sala em que a baixa e fraca iluminação tentam esconder impurezas, estados de alma, apenas se sente o odor a perfume misturado com o cheiro a tabaco.
Preciso de sair daqui, esquecer o meu pai e a minha mãe, ficar sozinho no meu pensamento, reflectir sobre o meu futuro.
Está vazia a casa, estou só, restam apenas memórias, memórias de tempos felizes, memórias escritas numa parede, palavras que contam histórias, caras e sorrisos esquecidos em quatro cantos, fotografias e uma pilha de livros... que saudades. Ainda aqui estou sozinho, mas a casa já não tem os mesmos cheiros, no corredor já não se sente a mesma alegria de ver as pessoas a entrar pela porta, a casa vai-se degradando e ainda agora reflectindo nos maus momentos, nas cenas horriveis de discussão ou nas pancadas fortes que se ouviam, no cheiro a alcool que invadia a minha casa a altas horas da manhã, posso afirmar, fui feliz aqui. Aqui amei e fui amado, aqui descobri coisas sobre mim que nunca havia cogitado até então, aqui dormi com quem mais amei, aqui fizeram-se histórias, fizeram-se amizades, tiveram-se conversas a altas horas da madrugada, namorou-se, tornou-se um refúgio... agora diz-se adeus. Aqui fiz uma das coisas que me dá mais alegria, ri verdadeiramente.
Solene dor me agarra hoje, tudo cai, desaba aos poucos, desfaz-se, corrói-me a alma!
Quero chorar, não consigo... vou dormir. A porta fechou-se.

Gonçalo Camões
25/11/2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Temor Cogito.


Há alturas em que se olha para a nossa vida e ela parece não sorrir e apesar de tudo lembra-se o passado e parece que ficamos relutantes: por um lado a questão do arrependimento está presente, mas por outro são coisas que nos fazem crescer, porque o ser humano passa a vida a errar.
Eu choro às vezes, não tenho medo ou problemas em admiti-lo, nem temos todos barreiras de ferro, ou melhor ninguém tem, logo chegamos a um ponto em que as forças caiem por terra, procuramos uma saída, mas estamos perdidos, ouvimos o que não queremos, apetece-nos mudar toda a nossa a vida sem pensar nas consequências que esses actos nos poderão trazer, esquecemos tudo, somos egoistas ao ponto de chegarmos a pensar que só existe um "eu"... e dói, dói ao ouvir tantas coisas, dói ao não saber lidar com os sentimentos, ficamos com medo e voltamos à nossa "casca". Eu sou assim, tenho medo, só quando me sinto demasiado atacado na minha vida é que faço algo, é que vou contra a maré, porque de resto fico a ver os comboios passar, vejo as pessoas a seguir rumo pela sua viagem e eu a ficar na mesma e constante paragem.
Eu adoro o Inverno, apesar de este ser deprimente, é um facto, adoro o frio, adoro andar à chuva e chegar a casa encharcado, tenho pena é de andar extremamente exausto e a minha memória ir-se perdendo aos poucos, ficando coisas vazias para trás das quais eu tenho uma vaga memória de terem acontecido, mas não me conseguir lembrar quando, porquê e de onde veio tal coisa.
Fico frustrado realmente por ver que não saiu do mesmo ponto e que mesmo ansiando tormentosamente por algo, escassa a força para investir naquilo que me faz feliz, lutar pelos meus próprios sonhos.
Ficam as palavras, ficam as emoções, fica o toque de uma mão que se adeja a nós, ficam memórias passadas, mas tudo vai ficando para trás, mas a vontade de nos agarrar ao futuro e a destreza para tal não se revelam.
Somos seres humanos... temos dificuldade em embarcar em algo novo, tentar, mostrar que é possível, eu sei, já lá várias vezes andei lá perto... aí sei lá!
Na minha pequena mente só quero acreditar que é possível, só quero ter esperanças que há algo novo aí à espera...
Vivo em quimera, abraço este estado ilusório, evoco outros que não se manifestam... existe algo para mim?
Agora ficam as palavras como sempre permanecem e são ouvidas de tempos para tempos. Memória que é feito de ti?
Chove, fico-me agora pelo meu leito, a chuva aquieta-me, esmiuço os meus pensamentos, quanto mais penso, maior dor padeço. Cogito espectante no dia em que algo me vai sorrir.
Atordoa-se a voz, adormece o pensamento. Que é de ti coragem?

Gonçalo Camões
22/11/2010

P.S.
I'm still waiting...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vago Alento.


No alento do comboio os meus olhos vêm aquilo que não está nitido... por alguma razão este lugar tão vago, tão pouco pessoal se tornou no meu meio de chegar aos pensamentos. Talvez porque aqui tudo é vago, ninguém sabe quem sou ou sequer cogita sobre a minha existência, aqui apenas se vêm vidas que saiem de paragem em paragem.
Eu penso naquilo que vejo nos outros, vou a reparar nos seus gestos, no casal de namorados que vai ao fundo da carruagem e eu, com um papel e um lápis na mão, a escrever. Sinto saudades de amar e sobretudo de ser amado... não estou a referir-me obviamente aos beijos que uma pessoa dá a outra em que proferem palavras soltas, muito pouco dignas de sentimento, estou a falar de paixão, amor, ter vontade de estar com aquela pessoa a todo o momento, não quero brincadeiras que têm a duração máxima de um dia, isso não é nada!
Chegou uma altura da minha vida em que a vontade de estar no sofá enroscado a alguém, a ver um filme e a comer pipocas e saber que vou dormir com essa pessoa, saber que ela vai estar lá amanhã e no dia seguinte, por aí fora, é algo pelo qual anseio muito mais, do que andar por aí com um ser "desconhecido" todos os dias.
Provavelmente estou a tomar uma atitude demasiado adulta para os meus dezoito anos, mas a vida é minha e eu não digo que seja eterno, simplesmente digo que seja de longa duração.
Chegou a altura do Natal, do Inverno, do frio que, por acaso, eu adoro. Fico sempre a visualizar-me a passar na baixa Lisboeta com alguém, a ver as luzes de natal e a comer castanhas, enquanto bebo um café gigante daqueles do Starbucks, ideal seria se nevasse, mas isso já é pedir muito.
A nostalgia invade-me sempre um pouco é verdade, relembra-me a minha mãe a apertar-me o casaco gigante, maior do que eu, a levar-me a passear com o meu pai, a jardins, a ver as luzes, a ir ao cinema e ver sempre na minha árvore um monte de prendas gigantes e a minha familia, na altura em que ainda se podia chamar assim, a minha familia toda a festejar enquanto abriamos as prendas.
Gostava de poder partilhar essas coisas com alguém, apesar de serem passado ficam sempre na minha memória... Talvez assim aquele sorriso ingénuo e verdadeiro da criança que havia em mim venha a renascer um dia... há sempre um amanhã.

Gonçalo Camões
15.11.2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ensaio do Ridiculo!


Poucas horas de sono me restavam... estava acordado desde as sete da manhã e tinha acabado por adormecer, nessa noite, o relógio já batia as cinco horas e meia da madrugada. Chegava a tarde após as aulas e, no meu pensamento, só surgia a questão «quando chego a casa para dormir»?
E lá estava eu, sentado no comboio, aguardando ansiosamente a sua partida. Durante todas as horas em que me mantive a pé fui assolado por uma interminável afluente de emoções, pois a minha pequena máquina que faz funcionar o corpo começava a bater. Meu Deus! Que sentimento horrível asqueroso me vem aí, logo agora que o meu ser tinha encontrado a quietude, batem-lhe à porta. Desgraçado!
Não obstante aos factos, diga-se de passagem, já há algum tempo que este sente falta de companhia e, por isso mesmo, dorme todas as noites agarrado a um estúpido boneco ridiculamente gigante, que para além de não fazer companhia nenhuma é super desconfortável gerando-me uma terrível dor de costas matinal. Ridiculo!
Nesta ostentação de poucas horas de sono há que acrescentar o trabalho, razão pela qual o direito a dormir se tornou num privilégio.
A agravar à questão do sentir-se só e do cupído querer andar a fazer das suas, acrescem as cuecas do desgraçado que pelos vistos já têm dificuldades em manter-se quietas no sitio. Ridiculo!
Nesta parafrenália toda lá fica o desgraçado escrevendo no comboio, enquanto os pés já gritam para que sejam retirados da prisão que o homem inventou, as botas! E mais não se diz. Saiu na próxima paragem. Vou dormir. Até já. Ridiculo!

Gonçalo Camões
13/10/2010

P.S.
texto mais ridiculo que escrevi até hoje.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Discurso do Céptico


São horas... são horas que o comboio passa e a minha vida estagna, fico sentado naquele momento e vejo a vida correr em frames nas promessas perdidas que ao longo do tempo me vêm fazendo, em vez disso tentam apartar-me aos poucos e poucos, às vezes, fazendo uma tentativa mais abrupta, apartando-me daquilo que eu gosto ou das coisas pelas quais me perco. Ai! Estou cansado, saturado, normal nas horas que já correm e tudo é tão vago, o meu pensamento é vago, o desassossego é vago, a discórdia é vaga, o colóquio das palavras é vago, a interrupção é vaga... Ai!
Suspiro, vou puxar do cigarro, pelo menos esse vicio não tentam eles afrontar, dá-me paz, embora eu saiba ao mesmo tempo as consequências que este deixa na anatomia deste pobre ser... Ui! Ai que já me estou a vitimizar, como diria o outro. Reflecte desgraçado que a tua alma está só, embora tenhas a tua irmã no outro quarto e uns quantos idiotas a gritarem na rua, devem estar alcoolizados, neste momento preferia juntar-me a eles!
A vida até que não é má, muitos afirmam que o é, mas afinal o que é que há para além dela? Já alguém experimentou outra? Poupem-me os dogmatismos e a ressureição! Idiotas!
Idiotas tantos o são, passam a vida a meter-se na vida que lhes é alheia, olham para o umbigo dos outros e não vêm a merda que o são. Idiotas!
E então? Não podemos dizer: "Viva os Homossexuais!, Viva a Emancipação das Mulheres!, Viva a Emigração Ilegal, Somos todos cidadãos do Mundo!" Uhm... desgraçados os preconceituosos, Idiotas!
Falam de terroristas... terroristas somos todos, matamos nem que seja com ciúme e ódio, petrificamos com o olhar, apontamos o dedo ao outro, sem antes o apontarmos a nós! Ah... mas não me julguem por perfeito, a carapuça serve a todos, incluindo a mim.
Quanto a mim... ver-me-ão deambular por aí... Idiotas!

Gonçalo Camões
6/10/2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Gravity.


Eu ponho-me a olhar para a vida, uma vez mais, nas acções que a ela se resumem, nas críticas que a ela são feitas e nos pedaços de história que nela ficam por contar. Chego à conclusão de que o amanhã há-de ser sempre algo involto em mistério sobre o qual muitas premonições recaiem. Não é simples ou congénito, mas assim se aparenta. E nós sonhamos, sonhamos porque essa é a arte que temos para sermos diferentes, porque é na quimera que as nossas maiores e profundas aspirações deixam cair a cortina e a vontade se revela. É isso que nos torna diferentes, que diz quem nós somos. Nós, bem... nós só transpomos o ilusório para o real.
Eu sinto-me diferente e não tenho dúvidas que o desejo de amar é algo potente que nos faz sentir humanos e felizes. E é tão apreciativo, tão beneficiante, torna-nos jovens. Faz de mim um jovem e não o contrário, porque enquanto sonharmos, enquanto não perdermos o desejo por algo, seremos sempre jovens, mesmo que a nossa idade já transpareça um corpo fisicamente débil.
Eu, por exemplo, agarro na caneta e escrevo num pedaço de livro, algo que conta uma história, e, não querendo intrometer-me na mesma, deixo apenas o meu testemunho, as minha emoções, as minhas vivências, deixo a minha história, pode não ser a melhor, mas é a minha e isso nunca, mas mesmo nunca, ninguem me poderá tirar, mesmo aqueles que apenas são passageiros dela.
Seja numa letra desordenada, num jeito sem sentido, numa mistura de ideias vagas e perdidas, num desassossego constante, pelo menos sei que o amanhã, o amanhã vago e imprevisível, pode sempre abraçar um dos meus sonhos, até amanhã...

Gonçalo Camões
14/08/2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Obstáculos.


Passamos a vida a tentar ser perfeitos... quando era criança e o meu brinquedo se partia, o mundo dava-me um novo quase de seguida, chorava, mas depois voltava a sorrir, claro isto porque eu tinha essa sorte, outros já não tanto, mas esses outros não viveram no embuste sobre o qual eu estive presente durante muito tempo e agora eles sabem como é a vida e sabem como lutar, eu não, porque ninguém me preparou, até porque a educação é algo que passa de geração para geração, claro que sofre reformas, essas são necessárias, mas há padrões que se mantêm e no meu caso foi o estar habituado a obter coisas facilmente, sem ter de me esforçar por elas, de facto o mimo deve ser o grave problema de uma família que apenas só se preocupa com aspectos fúteis e com o respeito ou o como saber comer a mesa, usar os talheres apropriados ou um registo de língua cuidado.
Hoje sobrevivo sozinho, ando a descobrir a realidade pelo meu próprio pé, até porque a consciência de uns já vai ficando descaracterizada, repare-se na minha figura paterna, afirma que está sem beneficios monetários, que a vida está complicada e temos de nos apertar, temos de tomar decisões e cortar em coisas, pois mais tarde as coisas hão-de melhorar. Eu olho para mim, vejo-me a trabalhar, a dormir pouco, doi-me o corpo, estou cansado, eu olho para ele, sem emprego, afirmando que não tem dinheiro, contudo não o vejo procurar um trabalho, em vez disso vejo-o negar-me boleia para o trabalho sabendo que estou atrasado com a desculpa de que se me levar já não aproveita nada do seu dia de praia, já não tem possibilidade de ir para lugares longinquos em que o sol abunda e as pessoas ficam com a pele escurecida devido às radiações solares, vejo-o pregar-me mentiras dizendo que vai para o Sul para casa de familiares, enquanto vejo fotos do mesmo em locais em que a estadia é paga e que por acaso eu conheço bem, visto que passava lá as minhas férias em criança... ninguém nos prepara para isto, ninguém nos prepara para o engano ou mentira que é a vida.
Como se não bastasse eu tenho de lidar com os meus problemas, tenho de lidar com os problemas que me vão gerando, sim porque eles são a causa prioritária dos meus problemas, uma familia irresponsável, agora eu não tenho vida própria e mais uma vez aos meus dezoito anos, estou irreversívelmente parado no tempo, as minhas aspirações pararam no tempo, pedi ajuda a essas figuras patentes desde a minha existência, pedi apoio e agora o que eu vejo, não é apoio são pontapés atrás de pontapés no cansaço físico e psicológico que se vai abatendo sobre mim.
Eu dou parte de mim aos outros, às vezes esqueço-me de mim próprio só para poder oferecer o meu tempo às pessoas que amo, depois quando descubro coisas chega quase a ser tarde como por exemplo o facto de estar doente, aí já é tarde demais, aí já tenho atenção, mas nem a atenção pode ser suficiente, porque bem eu já tenho dezoito anos, tenho de saber ultrapassar barreiras sozinho, tenho de saber dirigir-me a um hospital sozinho, sim porque as pessoas têm tempo limitado e quando o veternário chama é necessário ir ver como estão os animais, e eu tenho de ir para o hospital sozinho, até porque a vida de um bovino, ultrapassa a vida de um ente familiar.
Onde fiquei eu? Não sei, mas talvez um dia eu diga adeus a tudo e já que estou sozinho nesta luta, comece a lutar pela minha vida em vez de lutar por uma familia.

Gonçalo Camões
6/08/2010

P.S.
Tenho saudades da minha avó, ela dava valor à familia.
6/08/2003 - Estarás sempre comigo avó.
Dedico-te o meu sorriso.

domingo, 1 de agosto de 2010

Ternura descalça.





Os seus pés descalços caminham sobre a areia, lá vai ela, surge com o cabelo ao vento de jeito inocente, as suas feições transparecem alegria... em areia caminho eu, distante de tal lugar, de tal pessoa, sem uma única palavra, provavelmente merecido... e hoje a ferida abre.
Volto-me a perder por enredos que não saram, ficam estagnados num ponto e por mais que a sapiência me tente ajudar a procurar uma resposta, uma direcção não há um fio a que me possa agarrar. Triste.
Ela segue a vida sem palavras, brilha lá noutros lugar distantes em que a alma fica em paz, torno-me monstruoso, sinto-me assim, odeio sentir-me assim, mas a verdade é que errei, agora pago por esse mesmo erro, porque na minha mente tonta e preguiçosa eu acredito no amor, acredito que é possivel apagar o passado, ou melhor aprender com ele e ultrapassar barreiras ou obstáculos, contudo as coisas não me surgem assim. Não vou pedir mais desculpa, o mal foi feito, fez-me crescer, só o tempo dirá como são as coisas, embora eu já esteja a prever o futuro, porque as palavras levou-as o vento.
Ando só nesta praia, divago em histórias, olho o mar, sinto-me em paz, mas ele é tão feio, tão indolente, tão idiota, tornou-se no meu espelho! Não grajeio nada, não me é destinado, pessoas que cometem erros como eu acabam sempre por perder as coisas mais importantes, não é por falta de batalha, eu luto, mas nesta batalha somos dois e a minha palavra não tem credibilidade.
Nestas horas vagas o oceano já não me sorri, ela já não me sorri, o meu sorriso foi-se e a minha vida passa como grãos de areia por uma mão, parece que estou preso num romance em que o final é indesejadamente desafortunado.
Agora já não oiço aquele pequeno sussuro - "Quina Baby" - ou a gargalhada tonta que tanto me faz sorrir, desapareceu ou simplesmente perdeu-se.
O meu medo tornou-se real, pelo menos assim ele se aprensenta, somos amigos, talvez nem tanto, parece que a afugentei.
Vou deixá-la percorrer a praia, eu... eu fico-me pelo dormir, porque pelo menos aí a realidade costuma fugir...

Gonçalo Camões
2/08/2010

P.S.
Amo-te

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Hiding my heart away.


Sobe e desce nessa inconstância permanente sob a qual se rege, chama-se vida. Ora aqui estou eu a pensar cometer um acto que vai deixar algumas pessoas desgraçadamente perturbadas, prioritariamente talvez os meus pais, que me vão achar doido e dar-me o sermão e missa cantada, mas como já tenho dezoito anos acho que sou bem livre de fazer o que quero no que diz respeito a decisões que interfiram com a minha vida, o meu corpo, etc... estou deveras a cogitar afincadamente fazer uma coisa, mas é algo que não tem retorno uma vez feito, portanto tem de ser devidamente questionado e ponderado, mas por enquanto vou manter segredo, prefiro apanhar todos de surpresa, porque o acto que vou fazer prende-se com uma promessa que eu fiz, com uma prova que tenho a prestar e mais não digo.
Quando o sol raiar e eu acordar talvez algo já tenha mudado, contudo sei que algo vai sempre ficar marcado em mim, ela.

Gonçalo Camões
31/07/2010

P.S.
Amo-te

terça-feira, 27 de julho de 2010

Marcas.


Às vezes olhamos para o tempo, ficamos pensativos e enquanto vemos a estrelas brilhar no céu, esperamos pelo que o futuro nos poderá trazer... e é tudo tão relativo e tão baseado na experiência, a vida só por si já é uma experiência, interessante, estou aqui sentado e não sei realmente sobre o que escrever, vou deixar fluir a minha mente, vou libertar-me.
"O amor é frágil". Realmente eu não sei o que dizer, mas as palavras que se ecoam em mim são carentes, deixei-me cair em tristeza provavelmente, porque na realidade estou a perder o meu Verão e é nestes momentos que entendo... agora estou a compreender que os obstáculos são uma constante, que temos de lutar e lutar não é fácil, dói e gera feridas nas mãos, deixa hematomas e as marcas que não saram servem para nos relembrar, são uma linha do tempo, ligam-nos às memórias de uma vida que será breve, mas pela qual temos de lutar.
Estou a descer tanto e apesar de começar a colocar os meus braços no que tem de ser feito, vejo que estou praticamente sozinho, sozinho a lutar por mim e por outros... não sei como gerir o que me envolve, sinto falta dos momentos em que as coisas não eram tão duras e eu não dormia até às duas da tarde. Não sei como ajudar todos sem me perder a mim mesmo.
O meu olhar repassa a minha casa, suja, quase vazia, tornou-se notoriamente num dormitório, os poucos momentos em que algo habita nela são admiráveis, mas este lar perdeu o brilho e nele ficam apenas pedaços de papel escritos numa parede.
Do outro lado do oceano reside um sentimento forte, mas não sei como não ser chato, tenho medo de a perder, tanto medo, ela é importante demais, não há um dia em que a sua alma não se abata com a minha, amo-a, tanto que me é dificil não ser chato... tenho medo que se farte de mim, tenho medo que ela não veja que me estou a tornar num homem, quando ela foi a primeira a considerar-me como tal, ela nunca perdeu a fé em mim e por mais que digam eu sinto que também nunca desistiu de acreditar no que eu me posso tornar, acompanhou-me e segue-me numa batalha na qual eu agora me sinto um pouco à deriva, tenho mesmo medo, acho que nunca me senti assim, aiii... apetece-me gritar e chorar e não sei... sinto um aperto enorme no coração. Será que ela ainda olha para mim realmente, será que ela me ama? Será que ela me quer? Tenho medo e não consigo parar de dizer isto, porque ela é a coisa que mais quero no mundo, amo-a tanto, não quero ser chato, "o amor é frágil" e se não tomarmos conta dele ele destrói-se, não posso deixar que isso aconteça... eu amo-a só lhe quero provar que digo a verdade, só espero que ela sinta o mesmo por mim, amo-a.
E nestas horas olho para os meus amigos, para a minha família, como os pequenos gestos fazem a diferença, como tenho de aproveitar as poucas horas que tenho para mim, tenho de as partilhar com os que mais bem-quero. Olho para a minha irmã, está tão crescida e quando ela sorri, dá-se uma sensação tão boa em mim, quero chorar, porque ela faz-me sorrir, mas agora eu nem sempre posso estar presente e começo a entender a ausência dos meus pais, começo a lembrar-me como era quando eles me deixavam nos meus avós de manhã cedinho para ir trabalhar e eu ficava lá a dormir e só os voltava a ver a noite, eles tinham de me sustentar e agora eu tenho de ajudar nem que seja pondo um pouco de comida em casa, porque os bolsos já apertam e o frigorifico não se enche sozinho, seria egoista da minha parte se não desse um pouco, não gosto de ver a minha mãe magra, a matar-se a trabalhar, tal como eu, e a comer pouco, não é correcto, começo a apreender que existem prioridades...
Só espero que ela me aceite quando estivermos juntos, quando ela ou eu atravessar-mos o aceano que nos separa, quero tanto beijar aqueles lábios, quero tanto vê-la sorrir e ouvi-la dizer o seu Quina Baby junto a mim, quero deitar-me com ela durante a noite, encostar a minha cabeça junto ao peito dela enquanto as minhas mão tocam suavemente a barriga dela e as mãos dela pousam sobre a minha cabeça. Ela traz-me tanta alegria que não faz ideia.
Agora enquanto os meus amigos pernoitam em minha casa e a minha irmã está comigo, vou aproveitar o resto das horas, porque agora, agora é que eu comecei a dar valor aos poucos momentos da vida, porque ela é breve e curta e a maior parte das horas são gastas em coisas que são necessárias para a sobrevivência, mas os pequenos momentos valem tanto a pena...

Com amor a todos

Gonçalo Camões
28/07/2010

domingo, 25 de julho de 2010

Carta à minha irmã.


Meu bebé...

longos vão os tempos em que eu ,com a minha pequena idade de seis anos, te via a arrastares o traseiro casa fora, visto que nunca aprendeste a gatinhar. Logo a partir desse momento percebi que eras especial, não na minha cabeça infantil de seis anos, mas sim hoje... tu não és como os outros, és diferente, não por seres minha irmã, mas sim porque a cada de dia que passa nesse teu corpo que amadurece ainda vejo um pouco dessa criança, mas mais crescida... e eu estou a perder isso.
Tristemente a vida dá voltas, é uma realidade, temos de lutar por coisas, coisas que são fúteis e inúteis, mas sem as quais não podemos viver, como o caso do dinheiro. Eu estou a trabalhar e falta-me tempo para te dar a atenção que mereces, agora não consigo levar-te a passear como desejava fazer, não existem alturas para termos conversas sérias das nossas e eu sei que tu precisas que eu te oiça e muitas vezes eu não estou presente para que tu o possas fazer.
Tu não és uma simples irmã, tu és como uma filha, fui eu que te criei, fui eu que estive nas alturas dificeis, fui eu que te deixei enconstar a cabeça no meu ombro, chorar e enrolares a tua cabeça no meu peito até adormeceres, tentei dar-te uma vida o mais normal possível, longe dos problemas que tinhamos em casa, também te fiz passar por muito, viste-me ir abaixo, cair por caminhos que não esperavas, nem tão pouco eu esperava, mais uma vez a vida pregou-me uma rasteira e eu que era o teu único amparo deixei-te perdida, tentei ajudar-te, mas era dificil compreenderes muita coisa, é normal, afinal eras uma menina pequena de onze anos.
Hoje tenho vontade de chorar, porque sinto a tua falta, raramente te vejo, é compreensivel, estás de férias, mas eu sei que também sentes a minha falta, nota-se... vou-te explicar.
Sempre que estamos juntos, nas raras e poucas vezes, começo a notar nos mimos que me tentas dar, surge um lado teu mais carinhoso, coisa que tu só fazes quando estás mesmo com saudades, dás-me beijinhos, tu nunca me dás beijinhos, são raras as vezes, agora pedes-me sempre e no outro dia, quando vinhamos no carro, deste-me a mão, são atitudes que me marcam e que fazem ver o que eu estou a perder, no entanto sei que o que faço, que o trabalho, daqui a uns tempos nos vai permitir ter uma vida melhor, pelo menos mais ajustada.
Não quero que fiques triste, és a coisa mais importante que tenho e já estás tão crescida, o mano admira-te, admiro-te muito, admiro-te por acreditares em mim e por muitas vezes seres tu a primeira a por o pé a frente quando alguém me aponta o dedo.
Amo-te minha pequenina, tenho saudades tuas... desculpa.

Gonçalo Camões
26/07/2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ne me quittes pas


Mergulhei na penumbra... as oscilações vagas que eludibriavam a minha mente prendiam-se com locais longinquos que, já Mário de Sá-Carneiro tanto analtecia. Fiquei parado observando as horas, tentando entender no meu cansaço disfarçado quanto tempo faltaria e nessa ansiosa espera cogitava de como seria o primeiro momento, o primeiro toque, a primeira vez em que voltaria a sentir o seu cheiro, o cheiro daquele perfume adocicado sem álcool.
Cento e sessenta e três dias... cento e sessenta e três dias impaciente nesta amostra de amor que o meu coração luta por te dar, nesta esperança que tenho que tu apareças também, neste mistério que só eu e tu sabemos. E quando os foguetes rebentarem, será como a celebração que devia ter ocorrido este ano, sozinhos, acabando com o luto que temos por uma relação, recriando o nascimento da mesma.
Lá nas nuvens envolto em felicidade nervosa, tendo medo de não saber como se faz, como vai ser, cogitante na forma como os nossos lábios se tocarão, no primeiro ósculo após tanto tempo, ficarei observando as luzes de tal cidade que me é estranha, enquanto nos meus ouvidos se lança a voz de Piaf no roubo da canção "Ne me quittes pas".
No meio de sonoridades que quase me são desconhecidas, digo-te em algo que compreendo, solto levemente, embutido em teus braços, solta-se... amo-te.
Longe ficam outros e o nós unifica-se, sozinho, o nós vai passeando pelas ruas, dando as mãos, beijando-se, acariciando-se, ficando mais junto no frio, observando a paisagem, evocando-se na luz da paixão.
Espero, espero e espero, sem problemas... só quero que chegue o dia, o dia da nossa liberdade, noutro lugar, pois aqui não nos a dão.
Ate amanhã mon amour...

Gonçalo Camões
16/07/2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Oceano dos apartos.


Longos tempos sem escrever agora ditam a minha alma, não porque não queira, simplesmente porque o tempo é escasso e a virtude de ideias segue o tempo. Contudo hoje o meu estado de alma renovou-se e apetece-me escrever sobre ti, sobre as ascendências que tu deixas em mim.
Hoje finalmente o meu corpo teve a possibilidade de descansar, pode usufruir realmente daquilo a que chamam férias, embora tivesse sido por poucas horas, foram o suficiente para sentir um pouco de gozo da vida e paz, algo que para mim se começava a surgir como uma necessidade básica.
Dirigi-me à praia, naquilo que parecia ser um dia normal com a família, queria tanto tocar o mar, sentir o sol a bater-me na cara, ficar sujo de areia e refilar, andar de óculos de sol e calções de banho... não perdi tempo, a razão pela qual não me têm surgido ideias prende-se com o facto de andar ocupado a trabalhar o que não deixa sequer um resto de tempo para mim, claro que no meu pensamento tenho sempre uma coisa, tu.
Vagueie pela praia, eram sete da tarde e no horizonte avistava-se o pôr do sol, tão bonito que ele era naquela sua cor quente, senti-o abraçar-me, parecia entender a razão verdadeira pela qual ali estava. Via as ondas enrolar como em tempos de puericía me cantavam, fiquei ali, sentei-me na areia. A praia estava praticamente deserta e a minha família ficara longe, suficientemente longe para eu poder mergulhar no meu pensamento. Lá ao longe vi-a um barco, iria para esse país onde tu te encontras talvez. O mar que nos separa envolveu-se em mim, o meu corpo movia-se com a água, mas cedo percebi que não me levaria longe, apeteceu-me chorar, mas percebi que questões físicas não me permitiam ir mais além.
Desapontado e comprometido com o falhanço fiquei mais uma vez a admirar o oceano, parecia tão belo, envolto no pôr do sol, no entanto tão belo me parecia como horroroso se demonstrava, afinal de tudo era uma das causas da distância presente entre nós, como podia ser possivel? Como é que algo tão bonito, causador de paz, podia igualmente apartar algo tão esbelto como nós? Não cheguei a conclusão nenhuma.
Imaginei-nos aos dois, naquela praia, realizando a fantasia que várias vezes já referira... nós, uma casa na praia, sentados na varanda, a usufruir do tempo, a gastar a nossa vida. Parecia a hora ideal, apesar de tudo não me senti sozinho, senti que me acompanhavas.
Deixei-me ficar, via o mar, no meio da areia surgia uma pena de gaivota, agarrei nela e escrevi o teu nome na areia como monte de outros apaixonados já haviam feito, o mar veio e levou o teu nome com ele, guardo-te nele, eu... eu fiquei aguardando que tu recebesses o meu chamamento, aquele que o mar levou com ele. Amo-te.

Gonçalo Camões
06/07/2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Love Moves People.


Nunca se questionaram porque é que a vida dá tantas voltas? Eu já, aliás passo a vida a fazê-lo. Tenho andado a pensar e cheguei à conclusão que o amor só passa realmente por nós uma vez na vida, será? Não preciso que me relembrem que tenho apenas dezoito anos e que ainda tenho muito pela frente. Eu sei disso, mas depois de várias relações falhadas e devido ao facto de eu não nutrir sentimentos intensos por outros, chego a este resultado: o primeiro amor, é o primeiro e o único que teremos realmente na vida, isto claro sobre o meu ponto de vista.
O amor não escolhe sexo, idade, estatuto social, raça, etc... o que interessa é que haja amor, essa é a razão pela qual todos nos movemos, mesmo que não seja de uma forma directa, mesmo que seja de uma forma passiva, de certa maneira somos todos vitimas de uma manipulação. Eu considero este tipo de manipulação com uma conotação positiva, visto que o amor é algo bom, embora nos possa matar como se vê, por exemplo em Romeu e Julieta... Amor é razão pela qual o mundo existe e se move!
Por alguma razão eu fico melancólico a ouvir músicas que me tocam, talvez seja demasiado sentimental... por alguma razão elas vêm sempre na altura certa, parece uma seta a entrar pelo coração, dói realmente... não estou a falar das setas do cúpido.
Lembro-me da altura em que a distância entre Lisboa e Londres me separava da pessoa por quem eu nutria um louco amor, seria mesmo loucura? Não acho! Acreditei piamente nos meus sentimentos e nos sentimentos que ela suscitava em mim. Contínuo a acreditar.
A vida não é fácil, muitas vezes arrependemo-nos, mas eu sei que uma coisa nunca me hão-de tirar na vida, por mais que os meus sonhos caiam por terra, eu sei que o meu primeiro amor não irá desvanecer, ficará sempre presente, sei que vou continuar a amá-la até ao final da minha vida, há-de me marcar sempre, até o seu toque... mais uma vez estamos separados por um oceano, a milhas de distância um do outro, não sei que emoções o meu ser lhe provoca, contudo sei que em mim se evocam valores mais altos, sei que é ela a responsável por isso.
Não vou dizer que os nossos caminhos se vão cruzar, eu gostava que sim, apenas sei que se ela me pedisse para eu ficar, eu ficaria, embora saiba que existam grandes questões entre nós, um passado presente e uma distância enorme, sobre a qual a falta de meios também se exerce da minha parte, mas quem espera sempre alcança... será?
Amanhã eu vou acordar e fazer o que tenho planeado para o meu dia, vou enfiar-me no carro, olhar-me ao espelho, sorrir e ver Lisboa a passar-me ao lado, no meu pensamento estará o meu amor.

Gonçalo Camões
17/06/2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dissertações Familiares.


Sabe bem entrar de férias é uma realidade... pensar que finalmente podemos descansar a cabeça. A escola consegue ser desgastante, embora venha a criar as mentes brilhantes que dela saiem com o pensamento todo moldado! Para mim não são bem férias, diga-se antes que para mim é um alivio ao peso que me colocam nos ombros. E que peso!
Estou no Alentejo, mais propriamente Alter do Chão, aquele que me deprime segundo as minhas oscilações de humor. Não é novidade nenhuma. A Quinta de Santa Rosa, local onde habita o meu avô paterno e onde a minha família habitou durante várias gerações, dividida hoje por degradação e ruína dos que por cá passam é um livro aberto de histórias por contar que nela ficam presas ou passam de boca em boca pela fonte dos que a idade já respeita.
A minha família algo que eu foco muito, porque muitas vezes se demonstra como razão primordial dos meus problemas, é algo que me dá muito trabalho ou melhor não me dá descanso.
A gloriosa junção da família Vaz de Camões com os Pintão Quina e os dramas que dela provêm são um mimo para os meus olhos, ironicamente explana todo o desastre que nela ocorre e que, na possibilidade de ter continuidade por mais algumas décadas ou séculos, irá afundar-se como a crise financeira em que vivemos. Em tempos abastada, ideal de perfeição e glória para a pátria portuguesa, hoje não passa de um desastre ambulante em que nem com uma pala no olho atingem o explendor. Em tempos foi família de um grande poeta, alguns consideraram-no o maior poeta português de sempre, o mais ilustre, Luíz Vaz de Camões. Pobre e coitado, só lhe deram valor depois de ter batido as botas! Hoje, nem depois das botas batidas lá chegavam os desgraçados desta família. Barões, Marqueses, Poetas, Engenheiros Agronomos, entre outros charlatões que têm a mania que são importantes, mas na realidade ninguém sabe da sua existência, deve ser defeito de família...
E depois desta gloriosa análise de família dá-me vontade de rir, porque ao longo do tempo a família só se deteriora e com ela leva outros atrás. Ainda não referi eu os jantares em que os desgraçados soltam as garras, é como ver um episódio de Brothers and Sisters, só que pior...
Chego à conclusão de que é uma família demasiado presa ao passado, que sonha, mas não desenvolve, só vê glórias ultrapassadas e união desgastada pelo tempo, e isso reflecte-se nos seus descendentes.
Talvez um dia o Camões acorde e venha dar umas chapadas a esta família que bem precisa ou simplesmente fará o mesmo que eu, sentar-se-á a janela, ouvirá os roncos do meus avô com atenção e a televisão bem alta, porque a idade já lhe pesa, fumará um cigarro e rir-se-á de toda esta parafernália.

Gonçalo Camões
12/06/2010

sábado, 5 de junho de 2010

Broken.


Eu sabia que devia ter bebido mais uns copos! Passam pouco das duas da manhã e eu não estou a ver como vou dormir... avizinha-se uma noite que já me é conhecida... puxa os lençóis Gonçalo e esconde-te lá! Porque é que o amor dói tanto? Passo a vida a ver mensagens de compaixão e amor pelos outros, formas revolucionárias de expressão emocional, mensagens essas que pretendem gerar um mundo melhor... para onde foram elas? A mim nunca me bateram à porta ou bateram e eu deixei-as fugir, talvez seja eu que as afaste.
Noutros tempos fui feliz, acremente feliz e tive o final de um filme, os filmes em que o grande amor de uma vida deixa o outro partir por tanto o amar. Não me cheira a comédia romântica! Se calhar esse papel não me foi creditado, a minha expressão há muito que se foi.
Tive a coisa que mais amava nas mãos e deixei-a fugir, larguei-a como se de lixo se tratasse, sem sequer olhar para trás. Shame on me! Que raio? Porque é que eu choro sempre que ela me toca, eu choro por natureza, mas este choro é poderoso, é forte, dói! Os meus cigarros?
A nossa história já é velha, velha no decorrer da nossa existência, velha, mas bonita e não vai ter o final que eu desejava, provavelmente eu sonho demasiado alto. Noutros tempos escrevi:

Saudades dos dias passados
Em memórias de uma tarde,
Em que cedeste ao meu encanto
E eu desertei ao teu amor

Alento bravio e atroz
Das palavras proferidas
Sem clamor nem definição
Na difira perdida

Agora é escasso o tempo,
O bem-querer que perde por redenção
Perdura errante por um mal mais forte
Que me causa colossal tormento,

Saudades dos dias passados
Em memórias de uma tarde,
Antes da partida distante
Em que te foste embarcar.

Sinto que parti uma boneca e ela já não tem conserto. Essa boneca era-me especial, é especial, mas estraguei-a tanto, ficou muito danificada e agora já não a consigo remendar. Vou-me ficar pelas lágrimas...
Eu fiz asneira da grossa e deixei promessas feitas desvanecerem-se com o tempo, porque é que o amor verdadeiro é impossivel? Eu mereço isto.
Deitei-me na cama, estou a pensar nela, mas não devo, ela deixou-me ir e com razão em parte... acho que o meu bem-querer não é muito vero aos olhos dela, compreendo. Dói, dói tanto e a culpa é minha, não quero levantar a cabeça da almofada, deixem-me ficar mais um bocadinho.
Agora a estrada já não tem continuação, não sei por onde seguir, quero lutar, mas já não tenho hipótese, já não posso mais construir a estrada, ficou inviável. Destrui a boneca e ela ficou pela estrada ou eu fiquei pela estrada.
Tomamos decisões na nossa vida e sem nos apercebermos imediatamente da-mos por nós a perder as coisas que mais alegria nos dão na vida, destruimos a hipótese do amanhã. Ai! Quero parar de chorar, mas não consigo.
O caminho ficou escuro tal como os meus lençóis, nesses só sinto o rio que lhes corre e por esta hora já vai longo... deixaram-me ir sem eu o desejar.
Acreditei e agora estou vazio, mas dói, dói ter destruido a coisa mais bonita que tinha no mundo.
Restam agora fotografias a preto e branco, uma caixa debaixo da minha secretária com promessas perdidas e uma rosa que ainda não perdeu o cheiro. "Me and You, Just us two!"
Até qualquer dia... digo-te isto agora pela última vez, nem sei como...

Com muito amor,
Gonçalo Miguel Costa Palma Camões Quina

P.S.
Sê feliz...

Gonçalo Camões
6/06/2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Decadência.


Sentei-me no café amargurado por uma vida de mentiras e injúrias. Apetece-me um cigarro para acompanhar o café, mas nem dinheiro para comprar um maço de tabaco tenho. Vou ter de me contentar com a bebida.
A esta hora devia estar sentado numa sala a dissertar Cesário Verde e as suas aspirações, mas já nem estofo tenho para as minhas quanto mais para as de outros. Pus-me a pensar na minha vida...
Há três anos atrás recebia uma chamada do célebre Liceu Camões questionando-me que disciplinas pretendia. Lembro-me como se fosse hoje, os meus olhos encheram-se de alegria e eu comecei aos pulos na Baixa, quem por ali passasse certamente acharia que eu estava a ter um ataque de espamos ou simplesmente que eu era mais dos neuróticos que por ali andava. O que as pessoas não sabiam é que aquilo significava muito mais para mim do que para um simples aluno com uma vida normal. Iria iniciar um novo capítulo da minha vida, num sítio novo e onde tudo me era desconhecido e acima de tudo ninguém conhecia a minha pesssoa ou o meu passado, só existiria um registo escolar exemplar e esse só chegaria aos professores. A esperança surgiu-me de novo, surgiu como um escape, Lisboa era um escape para fugir aos meus problemas, à vida que eu tinha em casa. Saiu-me o tiro pela colatra!
Três anos mais tarde aqui estou eu: uma mente inteligente pouco elucidada pelo desafogo de outros. A minha vida não melhorou, piorou de uma forma exacerbadamente tormentosa, deixou-me melancólico, fez-me sentir um falhado e, por mais que outros que nada tinham a ver com a minha vida me terem tentado ajudar, eu nunca atingi os objectivos que tinha nem nunca contentei a esperança que outros depositavam em mim. Sinto-me verdadeiramente um falhado, sinto que a vida me venceu e por esta hora já verto as lárgimas. Já nem a poesia, algo que aprendi a gostar no Camões, graças à tão minha querida professora Cristina Duarte, por quem nutro um enorme carinho, já nem poesia me absorve... olho para as linhas e as palavras não me saiem, as ideias são fuscas e o meu coração pára de bater... foi-se-me o sentimento, até a poesia me deixou.
Aos dezoito anos eu devia estar a viver o meu sonho, outros deviam proporcionar-me seguranças, ajudar-me a atingir os meus objectivos. Aos dezoito anos não tenho nada certo, não tenho uma única coisa que desejasse concretizada e essa realidade parece-me cada vez mais distante.
Há três anos eu ainda sorria, agora só choro. Há três anos eu acabei o terceiro ciclo com distinção, melhor aluno da turma e da escola, agora reprovei sem dó nem piedade e sou capaz de reprovar outra vez, serei um asno? Não. Não sou, simplesmente o meu corpo e a minha mente já não têm capacidade de vencer os obstáculos, estão demasiado cansados, pareço um moribundo e não estou a exagerar.
Depois destes todos males feitos o que é que eu ainda posso esperar da vida? Eu não tenho nada certo e quando julgo que as coisas se vão endireitar vem uma onda familiar e joga fora as minhas esperanças. Corrói-me, deteriora-me levando-me quase à destruição total. E eu fico neste impasse, rezando para que sobreviva mais um dia.
Tenho de voltar para a escola, para o Liceu Camões, tenho de ir enfrentar os problemas, até tenho vergonha de lá pôr os pés, tenho de ir sozinho, porque outros que me geram problemas, que maltratam a minha pobre alma não dão a cara. Vou limpar as lágrimas e erguer-me.
No final ajustam-se as contas e para o meu lado as coisas não parecem muito abonatórias.
Vou erguer-me e voltar a passar por esta rua onde à três anos atrás a vida me pareceu sorrir, agora é diferente. As folhas das árvores já caíram e a verdade nua e crua ficou à mostra.

Gonçalo Camões
2/06/2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Fighter.


Escrevo na varanda, o meu quarto está uma confusão para eu me conseguir concentrar nas minhas ideias. Não funciono bem em ambientes desarrumados.
Estou farto que me digam o que eu devo fazer, por uma vez na vida hei-de seguir as minhas emoções, hei-de envergar pelos caminhos que a vida me disponibiliza, já chega. Sinto-me tão pressionado, ninguém compreende a carga que se abala sobre os meus ombros e o pior é que as dores já passaram a ser físicas, o meu corpo começa a não aguentar, provavelmente sou demasiado fraco ou os anos de desgaste emocional lançaram-me numa constante metamorfose anatómica. Tenho tanta coisa contra mim, tantas pessoas, tantas barreiras... é arduo destrui-las, mandá-las abaixo ou simplesmente ultrapassá-las, no entanto não me parece que vá desistir, não quero desistir, já chego de dizer que vou lutar pelo que quero e ficar parado!
Eu sei que os meus actos, para alguns, podem ter consequências graves no futuro, podem ferir sentimentos, mas eu sei o que quero, sei aquilo que me causa um ardente desejo, um acre amar.
Agarrei as rédeas da minha vida e já não as largo! Desculpem-me os que tiverem o azar de se meter à minha frente.

Gonçalo Camões
31/05/2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Love Letter.


Amor foi mais um dia evocado pelas irreverências do meu ser. Reflecti momentos e passagens da minha vida conjunta contigo e cheguei à conclusão de que não preciso que digas que me amas. Amar é um sentimento tão forte, tão bonito e tão questionável, mas sabes, no meu íntimo, eu sei que me amas e não preciso que me o profiras, porque basta-me olhar para os teus olhos e para o teu sorriso para saber que o teu bem-querer por mim é mais forte que o bater do coração. Estou tão apaixonado por ti e sinto deveras a tua falta, essencialmente dos teus lábios que, cogitam minhas emoções e me fazem ansiar por te ter. Discutimos ontem, mas sabes não importa… são actos que acontecem e depois se varrem para o lixo e aprendemos com eles, porque nos fazem pensar se estamos a agir de forma correcta.Ter-te perto, tão perto de mim, sentir a tua respiração, tocar nos teus cabelos, na tua face, sentir teus ósculos de puro sentimento, envolver-te em mim, sentir-te… ai! Não há nada com que mais sonhe do que com esse sentimento, tão puro, tão nobre e tão forte que é amar-te! Sonho contigo continuamente, tendo-te junto de mim no meu leito, abraçados em pleno estado de felicidade. Julgas-me por feliz? Embusteaste! O meu sorriso é uma farsa, rodeada pela ventura que a mim não me pertence, mas sim aos outros, seres meus amigos, que assim me tentam a ser ditoso, mas um mal errante perfura essas emoções, um mal do qual não me quero livrar, porque me traz contentamento ao mesmo tempo. Dói e sorriu-o para os outros, saio com eles para mostrar que está tudo bem comigo e que contínuo a ser o mesmo, porque não quero ouvir as perguntas «Que é que se passa? Que tens?», só há algo que faz desmoronar este muro que me protege destas perguntas «então e a pessoa que amas?»... ai a minha barreira cai como o Muro de Berlim e eu trago às minhas emoções o choro e a dor, a minha farsa fica desobstruída. Não me importa se dói, se choro, se estou triste e não o demonstro… a felicidade vem pelo facto de ter-te e de saber que o teu amor por mim prevalece. Não quero que duvides disso, independentemente dos meus actos, continuo a amar-te eternamente, sempre esperando por ti tal como te prometi...

Gonçalo Camões

14/12/2008

domingo, 16 de maio de 2010

Brincadeiras de Criança.


As flores balançavam ao som do vento, evidenciando um manto de cores Primaveril. Sentei-me numa colina a observar aquelas plantas que se moviam como se o Ray Charles ali estivesse a cantar para elas. Era eu em criança. Tudo me parecia igual, excepto o facto de que haviam passado dezoito anos desde o meu nascimento e eu estava sozinho naquele lugar onde, em outros tempos, gente se sentou comigo.
Por ventura vi a minha vida a passar pouco a pouco, enquanto o cheiro campestre purificava os meus sentidos.
Só existia eu e o mundo!

Gonçalo Camões
16/05/2010

domingo, 9 de maio de 2010

Abraço da Fúria.


Já chorei! Já gritei! Mentira, não consigo chorar, não consigo libertar a raiva que há em mim, por mais que o meu corpo solte urros, este não quer evocar a paz. Apetece-me ser Camões e ficar desafortundado... Não! Não farão de mim um asno, não deixo, não vou sofrer, vou tomar ar rédeas da minha vida.
Díspar, egoísta, cínico... chamem-me o que quiserem, pouco me importa... se quiserem vão até mais longe e bravateiem que aniquilam uma mesa com o meu crânio, só vos digo que a paga é a mesma.
Pouco tenho a dizer, só quero libertar-me desta ira que me envolve, só quero poder dormir descansado. Vamos ver se a literatura me ajuda a ficar livre, ela pelo menos não parece acusar-me, aparenta conhecer-me bem. Que cólera!
Hoje não me digam nada, que a fúria que me consome mata.
Agora mostro ao mundo o meu olhar triste, amargurado, sofrido, porque a dor que se abate sobre mim provem da incompreensão, de insistência de outros seres para que reformule a minha pessoa mais uma vez, mas não vai ser assim, eu não deixo!
Vou continuar a sonhar, pode ser que algum dia a dita bata à porta.
Até amanhã, a fúria já me abraçou...

Gonçalo Camões
9/05/2010

sábado, 8 de maio de 2010

Disparidades.


Estou aqui apartado de mim cogitante, mais uma vez, em teses que preferia queimar. Encontro-me deprimido? Sim, óbvio. Na solidão vagueio escrevendo em baixa luz, porque não consigo enfrentar um clarão dilacerante.
Tenho as ideias baralhadas e, por mais que tente, elas carcomem-me os sentidos. Triste e desafortunado como as origens do meu nome.
Gostava de ser diferente às vezes, poder ver o mundo com um sentido pouco apurado, um sentido que não me contundi-se, que não me desferi-se contra a corrupção amorosa. Tem de ser severo o comportamento humano?
Lá venho eu com as minhas contrariedades, porque o meu mundo é preto e branco e a fotografia em "black&white" mostra melhor o pormenor ou então esconde as nossas mágoas. E a minha vida é como a fotografia a preto e branco, tem momentos de disparidade.
Que raio! Apetece-me gritar, apetece-me chorar, apetece-me ficar sozinho... Mentira! Sozinho já eu estou. Porque é que a vontade de sofrer de tais acções se evoca em mim? O ser humano já não tem respeito pela condição humana, perdeu a consideração por mim e eu calei-me. Se calhar não sou assim tão forte e corajoso, porque enfio-me sempre na minha concha quando avisto o sinal perigo, embora muitas vezes vá contra ele. Nem sei porque tento... (deixem-me usar uma palavra que está tanto na moda), nem sei porque tento esmiuçar o meu ser.
Desisti de tentar por hoje que vejam a beleza que há em mim, não me vou esforçar, não vou enaltecer o ego de alguém ao rebaixar-me.
Bebo agora um último trago de água, vou dormir.

Gonçalo Camões
8/05/2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Carta a uma Amiga.


Hoje esqueci a minha identidade! Só me interessas tu, este desabafo é dirigido a ti meu amor e visa as minhas preocupações a teu respeito.
A nossa relação começou quando alguém "teimou" que o carro se encontrava estacionado no parque verde, enquanto uns afirmavam que o seu local de aparcamento era na zona laranja. Bem não interessa, estávamos em 2006 e desde ai que tu me tens acompanhado por boas e más fases e algo que sempre suscitou felicidade em mim foi ver-te sorrir. Juntos demos a mão e ultrapassamos os piores horrores que a vida nos proporcionou. Tão poucos anos e tanto que já vivemos juntos.
Não se pode bem dizer que sejamos amigos, eu considero que somos mais irmãos, não somos do mesmo sangue, mas é como se comporta-se-mos o mesmo ADN. Tu fazes parte de mim, é um cliché, mas é verdade, porque é um sentimento que nem o mais cépticos dos cépticos conseguiria destruir.
Tu sempre foste a senhora sorriso e não há rapaz que te resista, eles ficam logo presos por essa tua liberdade, esse teu pensamento desprendido, essa tua energia, esse teu lutar pela vida... dás-me na cabeça, mas não me importo, sei que no fundo tens razão (confissão). Eu não gosto de chorar, não me sinto à vontade com muita gente para tal, mas não me importo de verter lágrimas no teu colo, pelo menos apreendo que são bem entregues. A nossa relação é tão intensa, a meu ver, que acho que já nem te importas com as minhas flatulências, acaba por ser um momento de partilha, não é verdade? (ri-me)
Agora vêm as minhas preocupações... perdeste o sorriso! Eu sei que tu estás triste, mas não te quero ver assim, quero apoiar-te, dar a mão como faziamos antes como tu ainda hoje me deste. Deixas-me ajudar a recuperar o teu sorriso?
Esqueci-me de uma coisa, vou-te fazer mais uma confissão. Sabes que me acalentas quando cantas para mim? A tua voz é tão bonita. Sinto-me como um bebé no colo materno, embora eu não saiba bem o que é isso, sinto que a sensação é próxima, eventualmente será idêntica. A forma como as tuas mãos desenrolam o piano transmite-me paz. As notas que dele provêm são tão pacíficas e adjuntas à tua melodia vocal deixam-me num estado de nirvana. Ainda agora quando o meu pai nos trazia a casa, a tua voz sobrepôs a canção na rádio e eu escutei-te no silêncio, hoje sei que vou dormir bem.
Sabes do que me lembrei agora? Nós no Alentejo, aquele que eu tanto preso, a vir do monte a observar as estrelas no céu crepuscular, enquanto na rádio tocava «let it rain», começaste a cantar com a Amanda Marshall e eu levava os pés descalços em cima da porta do carro, olhei para ti, sorriste-me e o meu olhar iluminou-se... foi tão bonito, parecia um filme e estava tudo tão calmo.
Tudo para te dizer... Amo-te, queres final mais bonito que este? Não percas o teu sorriso, não desistas, eu também não deixarei o meu cair em amarelo, desde que demos as mãos.

Amo-te Carolina Agostinho Botelho de Sousa.

Com muito amor...

Gonçalo Camões
5/5/2010

P.S.
Ouve a minhas inspiration. :$

terça-feira, 4 de maio de 2010

Cativo.


Mais um dia em que percorri as ruas... sem propósito. As pessoas olham para mim, mas pouco me importa, acho que já passei a fase da "mania da perseguição". Há bem pior que eu! Eu vou reflectindo, é algo que faço diariamente, penso demais.
O que me dá mais raiva é eu planear a minha vida, tentar lutar pelo que quero, mas no final quando estou perto do meu objectivo desisto! Porquê? Apenas sei que quando tal ocorre sinto-me um inútil.
Fico preso num ponto, mas não me domesticam. Eu não mudo, sou como sou, exacerbadamente dissemelhante. Mais uma vez fico a pensar que ninguém está preparado para mim, simplesmente porque eu não faço tenções de reformular a minha pessoa, pelo menos no âmago das minhas emoções.
O Homem é um ser frágil, fácil de atormentar e eu não gosto de o atingir, de o ferir, contudo, por vezes, acontece e peço desculpa por isso, mas não me tentem mudar, assim perderia a minha essência.
Por esta altura já deviam entender que eu sou como a água, tenho correntes. Alguns fazem julgamentos a meu respeito, posso apenas defender-me afirmando que deviam tentar conhecer-me em vez de me aquilatarem.
Estou cativo nesta pessoa, neste corpo selvagem, revestido em tais sentimentos e não desgosto.
Para a próxima vez que agarrerem num cigarro e me examinarem ao promenor, não procurem conhecer-me pelo meu aspecto, falem comigo! Aí terão toda a liberdade de me fazerem um julgamento.

Gonçalo Camões
4/05/2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Reflexo.


Descia... lá passava ele pelos candeeiros que se expandiam pela avenida fora, despreocupado fumava o seu cigarro pensativo, envergando por atalhos... era seu hábito, queria chegar a casa o mais depressa possível. Observava aquele ser todos os dias, o seu andar, os óculos de sol que, por vezes, escondiam os seus olhos cobertos pelo manto negro das olheiras, o arrastar das mãos, na realidade parecia um autentico manequim a andar na rua. Por vezes um olhar curioso espreitava sobre si, mas continuava alheio a isso.
Eu era o seu principal seguidor, especulava minuciosamente cada movimento seu, a razão não me vinha à cabeça, talvez quisesse ser como ele, intensamente descontraído.
De súbito vieram-me questões à cabeça... mas porque raio, porque raio havia eu de ser tão nervoso, tão absorvido em cógitos que não merecem tanta atenção, porque não havia eu de ser mais egoista? Seria errado moralmente? Olhava para ele e tudo parecia fácil, se calhar até era. As soluções são fáceis, nós é que tendemos a gerar complicações. Cliché!
A noite caíra, perdera aquele ser na escuridão, engolido pelas sombras da noite. Sem luz não há reflexo.
Quando dei por ela lá me olhava eu ao espelho, seria eu? Que medo, em que me tinha eu tornado. Embebi o meu cérebro em pensamentos usuais, tomei uma decisão. Quero aproveitar a vida, se magoar pouco me importa, vou chegar onde quero, agarrar-me mesmo que saiba que posso sofrer as consequências, mesmo que uns me esqueçam, mesmo que me usem, mesmo que magoe outros, vou ser egoista, mas ter compaixão, vou ser radical, mas moderado, não cheguemos a cepticismos, afinal acredito que algo nesta vida há-de ser concreto... vou amar, vou ser amado, vou desistir e resistir, vou ser feliz. Quem me vai impedir? Tentem, testem-me, façam-me sofrer... no final quem perde não sou eu. Vou chorar sempre que vir um filme, vou rever a minha vida num livro através de uma personagem, vou dar-lhe a mão quando vir o filme da minha vida, qual deles será?
Olhei... o espelho continuava lá.

Gonçalo Camões
30.04.2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

Rua d'outrora.


Olho para o relógio, aponta uma e trinta da manhã. Fico estático... porque é que me fazem perguntas às quais eu não quero responder ou pensar?
Embuti o meu pensamento noutras matérias, tinha um propósito de escrever este texto... perdi-me.
Existe alguém realmente preparado para mim? Alguém que consiga ver "as minhas verdadeiras cores?" Se é que elas existem, porque sinceramente às vezes sinto que as pessoas me tratam como um objecto, com um propósito específico.
Eu estou melhor é verdade, estou a conseguir singrar naquilo que gosto.
Às vezes dou por mim a passar na mesma rua de ontem, em que o sol se punha e o meu coração batia, não vejo ser frio, não vejo ausência do meu ser, sou simplesmente eu, distraido e sorridente. E que rua essa, rua que me ampara, que me abraça, rua que me ama, simplesmente, porque sim... sem questão, sem mas, sem porquê, sem consequência. Provavelmente o que digo é um bando de palavras sem nexo, pouco me importa, eu compreendo. Pergunto-me se essa rua pela qual a minha mente vagueia me envia mensagens, se comporta significados em cada gesto ou se o meu corpo projecta fragmentos de anseios... para mim na vida tudo tem um significado.
Envolvo-me em tanto mistério, em tanta virtude, esperança, será justo? Só quero uma vida melhor. Que desabafo mais estúpido, contudo verdadeiro.
Eu já morri, pelo menos interiormente, porque o meu amor já se espalhou, já não consigo agarrá-lo.
Este foi provavelmente o pior texto da minha vida de um ponto de vista literário, mas pelo menos sinto-me livre.
Até amanhã, encontro-me na mesma rua.

Gonçalo Camões
28/04/2010

P.S.
Have you ever been in love?

domingo, 25 de abril de 2010

The Ellie Badge.


Ora visto que as minhas palavras já não chegam e recorro sempre ao mesmo tema deixem que vos diga que hoje estou estranho. Engraçado, visto que a maior parte do tempo sou estranho. Acho que não existe alguém que me conheça verdadeiramente, mas também não considero que isso seja algo mau, até porque refiro-me à minha essência. Aqui vão umas palavras para ti meu amigo...
Chovia... do outro lado da sala irrompia um zumbido ensurdecedor... era o telefone que tocava. Atendi e escutei atentamente a tua voz. Desliguei e esperei que a campainha toca-se. Não me movi. A campainha tocou, lentamente levantei-me do meu descanço e engarrafado em alegria perguntei «quem é?» e tu respondeste «sou eu!» e abri. O teu sorriso "desajeitado" emergiu diante de mim, o teu cabelo escorria água. Entraste e eu fiquei a olhar para ti.
-Não queres ir tomar um banho? Ficavas melhor? Estás todo molhado ainda te constipas. Eu dou-te uma toalha. Com o banho sempre ficas mais quente.
- Pode ser. - Sorriste-me.
O resto da tarde ficamos ali, naquele sofá, vendo filmes... tu sorrias, eu sorria, estavamos felizes.
Diz-me lá... porque é que o teu olhar já não brilha? Dói-me tanto ver-te assim e sentir-me impotente, sem saber como te dar a mão. Eu tento ajudar, tento perceber-te... faço o que posso, mas quero agir e aliviar a tua tristeza.
Não tenhas medo... há sempre uma solução. Olha para mim, eu tenho medo do escuro quando me sinto sozinho, contudo há sempre uma luz que me socorre, que me deixa seguro. Posso ser a tua luz se quiseres.
Existem tempos maus, tempos de desagrado, tempos em que nos sentimos perdidos, eu já me senti assim, aqui entre nós, ainda me sinto às vezes, às vezes parece que me falta algo, mas não encontro resposta, serei infeliz por isso? Acho que não, sabes porquê? Ainda não desisti.
Quem me dera que tudo fosse fácil, que tudo fosse bom, que nada, mas nada me interrompesse o meu caminho para a "felicidade"... espera... as coisas são fáceis, nós é que as complicamos.
Quem me dera entender-me algum dia!... espera... hei-de entender, só não cheguei lá ainda, mas vou à luta.
Amigo eu estou do teu lado... sempre que precisares estou aqui, basta tocares à campainha, eu dou-te toalhas, tomas um banho, assim já não te constipas, vemos filmes e tu recuperas o teu sorriso "desajeitado".

Adoro-te.

Gonçalo Camões
25/04/2010

P.S.
Ca foto mais estúpida!