quarta-feira, 31 de março de 2010

Vida Alentejana.


Ora aqui estou eu... sentado na minha cama, depois de um dia de trabalho, suscintando na minha cabeça memórias de outros tempos e pensando noutras pessoas que hoje em dia me fazem feliz e das quais tenho saudades.
Apetece-me escrever e pensei em relatar o meu dia. Hoje fiz algo que me é impensavel em Lisboa, saí à rua de manha para comprar tabaco de fato de treino! Eu, a minha cara pessoas, tonta como tudo, agarrou nas suas calcinhas pretas de fazer educação fisica e lá foi ao café comprar tabaco. Este facto não tem nada de mais, contudo acho interessante que aqui nos olhem de alto a baixo, porque estamos vestidos de uma forma diferente, mas quando passamos de fato de treino é como se fossemos invisiveis. Engraçado, totalmente o oposto de Lisboa.
Sinto-me bem aqui, trabalho, durmo, trabalho, encontro amigos que não via à muito, vou à "discoteca" beber uma cerveja, jogo snooker, volto para casa, durmo e de manha vou trabalhar. Vida "pacata" como se diz aqui!
Falo destas pessoas como se fossem diferentes de mim, contudo são iguais, apenas têm uma melhor qualidade de vida do que eu em Lisboa. Aqui as pessoas são simples, têm as suas intrigas claro, do género "o antónio comeu a mulher do outro", depois andam à porrada, mas resolvem as coisas e no dia a seguir já bebem cervejas em conjunto como se fossem os melhores amigos do mundo.
Toda a gente se conhece, visto tratar-se de uma vila que mais se assemelha a uma aldeia. Vila Nova de São Bento, antiga Aldeia Nova de São Bento, propicia aos maiores escandalos. Aqui há de tudo um pouco, homossexuais, prostitutas, droga, pessoas ricas, pessoas pobres, alcóolicos, pessoas honestas, brasileiros super simpáticos, alemães que possuem propriedades na área, esquizofrénicos e é a terra do encenador português, Filipe La Féria. Apesar de todos estes contrastes todos se dão bem e se entendemm pode dizer-se que é um paraíso e um descanso para a minha cabeça.
Já se imaginaram sairem de casa de manhã, verem um sol esplêndido, voltarem à noite e conseguirem ver uma galáxia no céu? É lindo, ficava horas a admirar as estrelas como outros fazem nos filmes.
Gosto de estar aqui, sinto-me bem, tenho saudades dos meus amigos, daquela pessoa, do teatro e do cheiro a tabaco de Lisboa, contudo vou aproveitar para descansar, embora esteja a trabalhar, porque se não se sai de Lisboa durante uns tempos, a loucura consome-nos.

Gonçalo Camões
01/04/2010

domingo, 28 de março de 2010

Dependência Mundana.


Acho uma piada às coisas que descubro. Venho para o meu canto, exilar-me de Lisboa, que diga-se de passagem só faz mal às pessoas, pelo menos é o meu ponto de vista.
Cheguei ao Alentejo à três dias, vim para a terra dos meus avós trabalhar num bar pela segunda vez, e estou perplexo.
No outro dia, enquanto fazia a pausa para o meu cigarro, um indíviduo chegou-se ao pé de mim, meteu conversa. Mal a sua boca se abriu para proferir uma palavra os meus ouvidos perguntaram-se se o que ouviam era credivel. Infiltrado naquela cadeira, aquele ser começou a falar-me de drogas perguntando-me se eu sabia o preço de pastilhas em Lisboa. Meus amigos, podem pensar muita coisa de mim, mas dispenso drogas. Para droga a mim já me chega os meus cigarros e eventualmente alcóol ao fim-de-semana! LSD's, MD's ou pastilhas são mesmo algo que dispenso e não está na minha lista de vicios. Como se isto não fosse pouco OFERECEU-ME! Santa paciência! Recusei. Depois disto a conversa mudou de rumo e a prostituição entrou em acção. Perguntou-me se eu estaria interessado em ir a uma casa de prostituição, referindo-me os "bons" serviços que mulheres lá prestam! Recusei. Isto deixa-me a pensar... julgo que há pessoas piores em Lisboa, julgo que Lisboa é que faz mal às pessoas, idealizo a terra dos meus avós, mas chego aqui e a porcaria é toda a mesma.
Apesar de tudo, isto é um refúgio, fora da agitação que ocorre em Lisboa. Sinto-me bem, sinto-me livre, sinto-me solto, apenas com algumas saudades de uns e do mimo que me dão. Aquele abraço, aquele deitar de cabeça no peito, isso sim faz-me falta.
Nem tudo pode ser perfeito, mas chego à conclusão que sinto-me melhor aqui, embora não consiga viver sem Lisboa.
A vida aqui das pessoas é diferente, a maioria trabalha na câmara municipal, em construcção, jardinagem, limpeza de ruas, trabalho de campo. Ñão há grandes empreendimentos, mas as pessoas são felizes e descartam todo o tipo de luxo, cingem-se ao necessário, são simples e aproveitam mais a vida que os alfacinhas!
Agora vou descansar desta agitação numa aldeia "pacata", amanhã trabalha-se.

Gonçalo Camões
30.03.2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

Exausto.


Eu não compreendo certas coisas... qual é a necessidade da nossa própria família nos arranjar complicações? Muito sinceramente estou com uma dor de cabeça perdida hoje, estou doente e não acho normal ter de por música alto para não ouvir outros bradamentos. A dor de cabeça não passa, mas a música sempre é mais agradável que os gritos que provêm da minha mãe. Para pessoa desiquilibrada já me basta eu, quanto mais ter de aturar outra desiquilibrada, que ainda por cima não tem noção do que faz, mas isso é só o meu ponto de vista.
O respeito devia ser algo que devia ser incutido no meio familiar,contudo eu não sei se posso considerar família o que tenho em casa.
O cerco começa a apertar-se e ela está a sentir-se perdida, eu sei o que é isso, já me senti assim, mas não foi por isso que descarreguei a minha raiva noutras pessoas. Eu acho que nem ela própria tem noção do porquê dos actos que toma. É complicado e chego a conclusão de que esta é a minha luta diária e a razão pela qual me sinto louco, às vezes.
O meu dia à dia é calmo desde que esteja fora de casa, muita gente não compreende isso e critica-me por andar sempre em cafés ou chegar a casa às oito e pouco da noite, simplesmente parecem-me mais acolhedores que a minha própria casa, que de longe se aproxima de um lar.
As minhas preocupações prendem-se com a minha irmã, a segurança dela, a vida dela, ela é a minha preocupação constante, é o ser sobre o qual exerço protecção, visto que ela é a coisa mais importante que tenho no mundo, é e sempre será. Pondo isto fico cogitante, porque tome eu a decisão que tomar, alguém vai sair prejudicado, mais uma vez uma coisa impede a outra. O que me custa é que eu falo sobre isto, mas ninguém compreende, ninguém entende a minha luta diária, falam do facto como se não fosse nada demais, até na escola, talvez porque eu nunca quisesse ter trazido os meus problemas para a escola. Só que as coisas não são bem assim, já fui muito prejudicado nos meus estudos e, embora uns me acusem de tal, não me acho culpado, porque nenhum ser humano é de ferro... eu não sou de ferro, tenho os meus limites. Aguentei até certo ponto, mas está na hora de dizer basta, já reprovei um ano, quase deitei a minha vida fora, não quero que continue assim.
Estou exausto, estou cansado da minha luta constante, quero uma mudança, quero descanso, quero ter sucesso na minha vida, quero ser um aluno de dezoito, aluno que sei que tenho capacidade para ser, não me considero burro e, mais uma vez, muito sinceramente, estou farto de ser criticado por pessoas que nunca se olham ao espelho.
Abracei os meus lindos dezoito anos, que até agora nada de bonito tiveram e sei aquilo que quero, acho que dentro de mim sempre soube.
Este é só mais um dos meus desabafos, mas pelo menos sinto-me solto, a literatura compreende-me sempre.

Gonçalo Camões
24.03.2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

We Might As Well Be Strangers


"Eu tive-te como um amante, e nós ignoramos, pela primeira vez os outros..."
Marta Isabel Martins Clington

Sentei-me no comboio. A minha mente vagueava por sitios distantes, enquanto a estação de Entrecampos ficava para trás. Recordava agora momentos que já fazem um ano em que eu ficava a olhar para ti à janela e a ver o teu comboio partir ou vice versa. Como é possível ter sido à um ano? De súbito uma mão estranha surgiu na minha frente, um indivíduo de ar desgrenhado, estrábico e um tanto ou quanto assustador, apertou-ma acompanhando este passo de um «tenho um bom dia meu jovem!», a seguir prosseguiu a sua viagem fazendo o mesmo com o resto das pessoas presentes na carruagem, sempre sorrindo, até mesmo àqueles que lhe recusavam o gesto. Eu tinha dormido pouco, estava cansado, contudo aquele pequeno trejeito tinha feito a diferença, tinha-me feito sorrir, abstrair-me da minha vida. Como é que é possível, e não querendo fazer uma avaliação baseada no aspecto das pessoas, que aquele homem, cuja vida parecia tão mais miserável que a minha, fosse sorrindo e contando piadas ao longo de carruagem a completos estranhos, e ali estava eu completamente preso ao passado, remoendo as minhas aflicções, pensando nos meus actos. Um dia ela dissera-me «tu pensas demais», provavelmente sempre teve razão. Questiono-me, mas parece que não procuro a resposta, deixo no ar à espectante que alguém me diga o seu ponto de vista.
Doze meses depois ainda aqui estou e contínuo a achar que embora as coisas sejam diferentes, ninguém me conhece melhor que ela. Provavelmente contínuo preso naquele momento, porque foi dos momentos mais felizes da minha vida, sentia-me completo, sentia-me amado, sentia que tudo era perfeito, e até as discussões que tinhamos serviam para fortalecer o que nutriamos um por o outro. Nunca mais tive isso, talvez porque também nao quiz.
Éramos ambiguamente complicados, mas conhecia-mos os limites de cada um e um suportava o outro. Desde tal dia a minha escrita nunca mais foi a mesma, perdi aquilo que tinha, decisão minha claro, ainda hoje penso se não foi estúpida, mas a vida segue.
Ainda me lembro das "cartas" trocadas a longa distância e daquela incessável dor que se abatia, porque o toque era impossível. Relação como a nossa não havia, digna de um filme, como aquele momento no aeroporto em que os teus braços me envolveram e o teu corpo ficou sobre o meu, enquanto os nossos lábios se tocavam.
"Sentes falta do meu cheiro? Será ela negra o suficiente para ver a tua luz? É suficientemente louca para te ter? Sentiste-te alguma vez triste por nos termos separado? Alguma vez viaja a tua mente a um daqueles dias de Verão em que te beijava? Esteve alguma vez o teu coração coberto de dor? Será que devo voltar? Diz-me amor, sentes-te só? Tiveste-me como uma amante, e usámos lençóis para cobrir esta forma eunuca da nossa desgraça, as nossas mentes pressionadas enquanto a nossa carne ignorava a falta de espaço." Devo responder-te a estas questões, ou alguma vez o teu coração soube a resposta? Foste o meu primeiro tudo. Por alguma razão ainda choro cada vez que leio estas palavras. Apostas-te em mim quando mais ninguém o fez, e estás para sempre marcada em mim. Não escondo quem és, nem quero esconder, tenho orgulho em ti, foste a menina dos meus olhos.
Tantas histórias, tantos momentos... tanta palavra dita, eras tu a minha inspiração.
Agora digo-te, embora estejas «miles away» estás guardada em mim.

Com muito amor,
Gonçalo Miguel Costa Palma Camões Quina

sábado, 20 de março de 2010

Nobel.


"O que é mais nobre? Viver como um monstro ou morrer como um bom homem?"
in Shutter Island (movie)

Na vida tomamos diversas acções... no ínicio somos seres perfeitos, livres de iniquidade, de qualquer pecado, somos puros. Será assim tão insano gerarmo s uma fantasia que nos leve a ser felizes, a morrer com algum pingo de decência? Cabe a cada um de nós descobrir, contudo acho que é uma ideia interessante. Polémica, mas interessante.
Eu olho para mim, vejo a minha vida, os passos que tomo... não há maneira de os apagar, não é como as histórias que escrevemos, em que o simples usar de uma borracha safa o que é dispensável. É real, deixa marca, corrói e destrói cada pedacinho de nós. E de quem é a culpa? Nossa! No final não há nada a fazer.
Mentimos, usamos o que queremos, com intuito sempre de nos priveligiar, por melhores pessoas que sejamos, não é isso que está em causa, é a nossa natureza. Somos racionais, mas vamos aprendendo progressivamente até ao desgaste total.
É triste pensar que aos dezoito anos já cometi tantos erros, já passei por tanto e aprendo o que é a vida da pior maneira, tudo por culpa minha claro. Sei que não posso esquecer estas memórias, mas serei assim tão louco quando reflicto sobre o que será a minha vida quando a minha ajuda for uma terceira perna?
Gostava de ter uma casa branca na praia, ver o mar, sentado sobre um sofá debaixo de uma soteia, acompanhado dos que mais amo, lendo histórias, ouvindo aquela sensação poética da música que me acalma, grandes clássicos... seria amável. Mas será que isso se me aguarda ou o meu corpo desfalceu em quimera?
Porque não podemos ser animais natos, saberiamos aproveitar aquilo que temos... talvez perdesse a piada, não iria questionar-me como faço agora, mas talvez tivesse uma vida feliz.
A dor é o âmago do meu ser, porque dói-me ver quem sou hoje, ver sonhos deitados fora, perdidos ou adiados, devido a decisões que tomei.
Será assim tão injusto ou egoista querer viver sabendo que fui alguém decente?

Gonçalo Camões
21/03/2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cólera

Sentimentos que sob o ser se abatem

Revigorados por volúveis contendas

Caiem o véu de uma farsa tumultuosa,

No horrendo escárnio que se ala

Sofrem as almas de dolência pura

Doce amizade putrefeita por erros

Afere o descontentamento dos amantes

Envolta de uma peleja feita de enganos

Lutam os amados para a construção de muros

Resguardos da cólera do Homem comum

Bem-querer abatido por tempestades

Combate desesperadamente a ira,

Desventura de um ser definhado de paixão

Evoca a essência mais profunda dos dilectos

Prevalece a força dos ditosos apaixonados

Gonçalo Camões

25/06/2009

terça-feira, 16 de março de 2010

Educação Queirosiana.


"Diz-me a mãe que tiveste, dir-te-ei o destino que terás!"
Eça de Queiroz


Vejo-me petrificado. Algo abalou o meu mundo num espaço de segundos. Teria Eça razão? Se assim é, somos uma geração perdida, eu estou perdido.
A figura materna é algo realmente importante, é aquele ser com quem temos uma primeira ligação, com quem iniciamos a nossa vida, com quem aprendemos a ver o mundo.
No meu caso, as coisas não funcionam assim, o laço quebrou-se. Desde há muito tempo que tenho um corpo presente a quem chamo mãe a habitar comigo, contudo evoco o seu espírito e ele não consta do registo. No seu registo, está, sim, descrito um quadro psiquiatrico ligado a depressões, a maus tratamentos médicos, a comportamentos de carácter agressivo e bipolar. Segundo este preceito, eu digo, cada vez mais me pareço com ela.Terá este facto a ver com a Educação?
Eu gostava de ser normal, ou melhor, ter uma família normal em que todos se apoiam mutuamente, uma família que não parece estar condenada a um final trágico.
A semelhança àquele ser que me amamentou em criança dimane de dia para dia em mim, estarei condenado à mesma solidão, à mesma tristeza. De certa maneira acho que sim, porque o brilho que provinha dos meus olhos desaparece com a idade e o meu sorriso fica exacerbadamente amarelo.
Eu sinto-me doente. Observo-me e vejo-me nela. Deitada na cama, no escuro com um maço de cigarros junto a ela e a cabeça enfiada na almofada. Eu não quero ser assim! Estarei condenado a tal realidade?
A mãe é realmente importante, o pior é quando ela não existe e, atenção, para tal acontecer não precisamos ser orfãs.
Há uma coisa que me faz confusão. Queixo-me dela, dos seus actos de inconsciência, da sua aspiração por coisas futeis, de se esquecer de coisas que pesam na vida, da sua preguiça, de sentir que, às vezes, sou maltratado, mas não consigo viver sem ela.
Eu estou a falar de uma mãe, mas no íntimo acho que tenho consciência de que no fundo não sei o que é uma mãe. Esse papel sempre me coube a mim em relação a outros seres.
Peço agora para que Eça se engane, que ele não me diga o meu destino, porque esse já eu o temo. Digo antes... dir-te-ei quem sou, quando um dia souber o que é uma mãe.

Gonçalo Camões
11/03/2010

domingo, 14 de março de 2010

conhecer.


Today i'll be fine... i'll be ok... i'll be happy... just because i met you.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Segue-me.


Vou entrar para esse elevador que me levara a ti, ao teu sorriso, a um mar esverdeado... vou sorrir de te ver sorrir... estou feliz agora, só porque te vejo sorrir, só porque te sinto aqui.
Um dia a minha viagem pára. Já devia ter parado, mas eu ainda não me conformei... eu não estou preparado para te deixar sair no próximo piso.
You want my heart to follow you...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ser.


Sou o que sou.

Vou ser o que sou, perdi o medo de me expor... vou guardar o que tenho a guardar para mim, exprimo-me por estes lados.
Não irei ser um fardo, nunca o quiz ser, nestes campos só lê quem quer, só ouve quem sabe e quer ouvir. Se vêm procurar histórias felizes, vão a uma livraria e comprem os livros do Charles Dickens, pois por aqui não se encontram contos. Apenas realidade, a minha realidade.
Não queiram conhecer-me, vão assustar-se.

Gonçalo Camões
8.03.2010

domingo, 7 de março de 2010

Strength


Estou feliz bebé...


Olá amiga... tenho saudades tuas, do teu abraço. Venho expressar-te o que sinto, estou prestes a rebentar, pois não sei o que pensar. Escuta-me...
Nós somos definitivamente seres imprevisiveis... estou estranho, sinto-me vazio, sem sentido, melancólico. Conheces a sensação?
De dia para dia sinto que estou mais louco, louco por amar... cada dia fumo mais cigarros na esperança que me preencham o vazio, que me acalmem, mas já nem eles têm efeito, só me fazem ficar doente. Eu sou definitivamente viciado, viciado no que gosto, os cigarros são só um pretexto. Um dia explico-te, hoje não, não quero pensar nisso.
Tenho saudades de te ter ao meu lado, de sentir-te, de seres minha... hoje em dia o teu corpo está cá, mas os teus olhos apartaram-se de mim e eu preciso tanto de ti, és a única coisa que tenho segura e neste momento não o pareces. Desculpa. Beija-me.
Não estou triste, não sou feliz, estou apático. Que se passa comigo? Nunca me senti assim.
Às vezes sonho... ai sinto-me pessoa, o mundo é diferente, o mundo é bonito, que criança que eu sou. Pouco me importa, a minha infância era bela, eu amava e todos me amavam... hoje desprezam-me, deitam-me abaixo, destroiem-me, usam-me e eu nunca sou bom o suficiente. Vais juntar-te a outros?
Disseste-me que os meus textos são tristes... eu sei... mas sinto-me bem a escrever assim, alivia-me a alma.
Só quero que saibas que eu amo-te... um dia fugimos, fugimos para o nosso paraiso, vamos ser felizes, vamos pensar de novo, vamos esquecer o passado, vamos começar de novo. Até à proxima.

Gonçalo Camões
7/03/2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

Incógnito


Estou cego. O meu coração não vê.

Por mais que eu me tente chamar à razão e tenha as minhas aspirações, os meus desejos, permaneço no meu canto incógnito, na minha paz. Será esta a minha solução? Uma vida de solidão? Não pensem coisas erradas, a minha solidão é relativa. Eis as minhas preocupações...
O ideal do amor tem mudado de século em século, geralmente devido aos ideais da sociedade, à sua evolução... bem eu tenho uma ideia diferente, se calhar um pouco infantil, eu acho que estamos a regredir. Porquê? Simples.
Antes lutava-se pelo casamento por amor, hoje luta-se para obter o divórcio! Serei eu tão pueril ao crer nas histórias encantadas que o meu pai me lia antes de eu ir para a cama? A verdade é que hoje em dia o amor reflecte-se em nós próprios. Que quero eu dizer com tal afirmação?
Ora, a capacidade do ser humano de amar definha de dia para dia, estamos a perder as faculdades que nos tornam aptos a bem-querer alguém, simplesmente porque não temos amor por nós próprios e isto é um padrão generalizado da sociedade, pelo menos a meu ver. Ao não sabermos interagir com nós próprios, com as nossas dificuldades, ao lutar-mos pela nossa posição como indivíduos, acabamos por não saber como contactar com outros e manter uma relação com eles.
Nos dias que correm as pessoas fartam-se, simplesmente porque a novidade tem mais peso. Será isso?
Não sei, eu gosto de acreditar no amor, nas minhas emoções, alguns dias gosto de mim, mas digam-me, digam-me que estas minhas apoquentações são fruto de algo iníquo. Existe realmente um ideal amoroso na nossa sociedade, ou as relações estão destinadas a ter fim?
Um dia mais tarde, quando algo for velho e eu tiver uma mão sobre mim, um peito onde deitar a cabeça... vou acreditar e aí ninguém me dirá que o amor não existe... por agora fico com as minhas aspirações mal cogitadas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Liberta-me...


Encontro-me agora sentado neste banco onde outrora grandes senhores se sentaram... surgem-me cogitações sobre a noite de ontem. Voltei a sonhar.
A minha quimera repete-se e aquele ser volta a abordar-me. Que tem ele de tão especial que me provoca tais sensações, sensações sobre as quais eu não fruo controlo. Sinto-me completamente desprotegido, as minhas defesas são abaladas sem dó nem piedade, julgava-me mais frio, mais distante, julgava ter aprendido com os meus erros, julgava ter amadurecido, entendido que quando se trata de amor, essa palavra tão forte, o que experienciamos é bem diferente do que é real. O ser humano é uma criatura inquietante e incompreensivel, eis a minha conclusão. Não existe um guia para saber viver, embora várias pessoas o tenham tentado redigir. Agimos por impulso essa é a verdade, pois no final os sentimentos pesam mais na balança.
Quero libertar-me desta comoção petulante, quero sentir-me solto, encontrar a minha paz por mim próprio, a minha independência enquanto ser. O amor é droga, vicia-nos e destrói-nos.
Deixem-me adulterar este comportamento. Alguns dirão que isso tornar-nos-ia selvagens, pois a qualidade do individuo racional prende-se com as emoções. Eu digo que pelo menos não sofro, sou livre, posso concentrar-me em mim, nos meus anseios, nos meus desejos. Egoísta, mas eficaz de certo.
"O amor bate-me, viola-me, chama-me animal, faz-me sentir inutil, faz-me sentir doente" é capaz de ser a frase mais inteligente que ouvi até hoje. Sei que ponho em causa muitas questões com as ideias que aqui exponho, mas estou farto de ser atormentado por estas apreensões do pensamento.
Deixa agora a questão em aberto... talvez amanhã o meu humor mude, talvez me sinta mais completo, mas de que me serve isso? No seguinte dia estarei igual a hoje.