quinta-feira, 17 de junho de 2010

Love Moves People.


Nunca se questionaram porque é que a vida dá tantas voltas? Eu já, aliás passo a vida a fazê-lo. Tenho andado a pensar e cheguei à conclusão que o amor só passa realmente por nós uma vez na vida, será? Não preciso que me relembrem que tenho apenas dezoito anos e que ainda tenho muito pela frente. Eu sei disso, mas depois de várias relações falhadas e devido ao facto de eu não nutrir sentimentos intensos por outros, chego a este resultado: o primeiro amor, é o primeiro e o único que teremos realmente na vida, isto claro sobre o meu ponto de vista.
O amor não escolhe sexo, idade, estatuto social, raça, etc... o que interessa é que haja amor, essa é a razão pela qual todos nos movemos, mesmo que não seja de uma forma directa, mesmo que seja de uma forma passiva, de certa maneira somos todos vitimas de uma manipulação. Eu considero este tipo de manipulação com uma conotação positiva, visto que o amor é algo bom, embora nos possa matar como se vê, por exemplo em Romeu e Julieta... Amor é razão pela qual o mundo existe e se move!
Por alguma razão eu fico melancólico a ouvir músicas que me tocam, talvez seja demasiado sentimental... por alguma razão elas vêm sempre na altura certa, parece uma seta a entrar pelo coração, dói realmente... não estou a falar das setas do cúpido.
Lembro-me da altura em que a distância entre Lisboa e Londres me separava da pessoa por quem eu nutria um louco amor, seria mesmo loucura? Não acho! Acreditei piamente nos meus sentimentos e nos sentimentos que ela suscitava em mim. Contínuo a acreditar.
A vida não é fácil, muitas vezes arrependemo-nos, mas eu sei que uma coisa nunca me hão-de tirar na vida, por mais que os meus sonhos caiam por terra, eu sei que o meu primeiro amor não irá desvanecer, ficará sempre presente, sei que vou continuar a amá-la até ao final da minha vida, há-de me marcar sempre, até o seu toque... mais uma vez estamos separados por um oceano, a milhas de distância um do outro, não sei que emoções o meu ser lhe provoca, contudo sei que em mim se evocam valores mais altos, sei que é ela a responsável por isso.
Não vou dizer que os nossos caminhos se vão cruzar, eu gostava que sim, apenas sei que se ela me pedisse para eu ficar, eu ficaria, embora saiba que existam grandes questões entre nós, um passado presente e uma distância enorme, sobre a qual a falta de meios também se exerce da minha parte, mas quem espera sempre alcança... será?
Amanhã eu vou acordar e fazer o que tenho planeado para o meu dia, vou enfiar-me no carro, olhar-me ao espelho, sorrir e ver Lisboa a passar-me ao lado, no meu pensamento estará o meu amor.

Gonçalo Camões
17/06/2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dissertações Familiares.


Sabe bem entrar de férias é uma realidade... pensar que finalmente podemos descansar a cabeça. A escola consegue ser desgastante, embora venha a criar as mentes brilhantes que dela saiem com o pensamento todo moldado! Para mim não são bem férias, diga-se antes que para mim é um alivio ao peso que me colocam nos ombros. E que peso!
Estou no Alentejo, mais propriamente Alter do Chão, aquele que me deprime segundo as minhas oscilações de humor. Não é novidade nenhuma. A Quinta de Santa Rosa, local onde habita o meu avô paterno e onde a minha família habitou durante várias gerações, dividida hoje por degradação e ruína dos que por cá passam é um livro aberto de histórias por contar que nela ficam presas ou passam de boca em boca pela fonte dos que a idade já respeita.
A minha família algo que eu foco muito, porque muitas vezes se demonstra como razão primordial dos meus problemas, é algo que me dá muito trabalho ou melhor não me dá descanso.
A gloriosa junção da família Vaz de Camões com os Pintão Quina e os dramas que dela provêm são um mimo para os meus olhos, ironicamente explana todo o desastre que nela ocorre e que, na possibilidade de ter continuidade por mais algumas décadas ou séculos, irá afundar-se como a crise financeira em que vivemos. Em tempos abastada, ideal de perfeição e glória para a pátria portuguesa, hoje não passa de um desastre ambulante em que nem com uma pala no olho atingem o explendor. Em tempos foi família de um grande poeta, alguns consideraram-no o maior poeta português de sempre, o mais ilustre, Luíz Vaz de Camões. Pobre e coitado, só lhe deram valor depois de ter batido as botas! Hoje, nem depois das botas batidas lá chegavam os desgraçados desta família. Barões, Marqueses, Poetas, Engenheiros Agronomos, entre outros charlatões que têm a mania que são importantes, mas na realidade ninguém sabe da sua existência, deve ser defeito de família...
E depois desta gloriosa análise de família dá-me vontade de rir, porque ao longo do tempo a família só se deteriora e com ela leva outros atrás. Ainda não referi eu os jantares em que os desgraçados soltam as garras, é como ver um episódio de Brothers and Sisters, só que pior...
Chego à conclusão de que é uma família demasiado presa ao passado, que sonha, mas não desenvolve, só vê glórias ultrapassadas e união desgastada pelo tempo, e isso reflecte-se nos seus descendentes.
Talvez um dia o Camões acorde e venha dar umas chapadas a esta família que bem precisa ou simplesmente fará o mesmo que eu, sentar-se-á a janela, ouvirá os roncos do meus avô com atenção e a televisão bem alta, porque a idade já lhe pesa, fumará um cigarro e rir-se-á de toda esta parafernália.

Gonçalo Camões
12/06/2010

sábado, 5 de junho de 2010

Broken.


Eu sabia que devia ter bebido mais uns copos! Passam pouco das duas da manhã e eu não estou a ver como vou dormir... avizinha-se uma noite que já me é conhecida... puxa os lençóis Gonçalo e esconde-te lá! Porque é que o amor dói tanto? Passo a vida a ver mensagens de compaixão e amor pelos outros, formas revolucionárias de expressão emocional, mensagens essas que pretendem gerar um mundo melhor... para onde foram elas? A mim nunca me bateram à porta ou bateram e eu deixei-as fugir, talvez seja eu que as afaste.
Noutros tempos fui feliz, acremente feliz e tive o final de um filme, os filmes em que o grande amor de uma vida deixa o outro partir por tanto o amar. Não me cheira a comédia romântica! Se calhar esse papel não me foi creditado, a minha expressão há muito que se foi.
Tive a coisa que mais amava nas mãos e deixei-a fugir, larguei-a como se de lixo se tratasse, sem sequer olhar para trás. Shame on me! Que raio? Porque é que eu choro sempre que ela me toca, eu choro por natureza, mas este choro é poderoso, é forte, dói! Os meus cigarros?
A nossa história já é velha, velha no decorrer da nossa existência, velha, mas bonita e não vai ter o final que eu desejava, provavelmente eu sonho demasiado alto. Noutros tempos escrevi:

Saudades dos dias passados
Em memórias de uma tarde,
Em que cedeste ao meu encanto
E eu desertei ao teu amor

Alento bravio e atroz
Das palavras proferidas
Sem clamor nem definição
Na difira perdida

Agora é escasso o tempo,
O bem-querer que perde por redenção
Perdura errante por um mal mais forte
Que me causa colossal tormento,

Saudades dos dias passados
Em memórias de uma tarde,
Antes da partida distante
Em que te foste embarcar.

Sinto que parti uma boneca e ela já não tem conserto. Essa boneca era-me especial, é especial, mas estraguei-a tanto, ficou muito danificada e agora já não a consigo remendar. Vou-me ficar pelas lágrimas...
Eu fiz asneira da grossa e deixei promessas feitas desvanecerem-se com o tempo, porque é que o amor verdadeiro é impossivel? Eu mereço isto.
Deitei-me na cama, estou a pensar nela, mas não devo, ela deixou-me ir e com razão em parte... acho que o meu bem-querer não é muito vero aos olhos dela, compreendo. Dói, dói tanto e a culpa é minha, não quero levantar a cabeça da almofada, deixem-me ficar mais um bocadinho.
Agora a estrada já não tem continuação, não sei por onde seguir, quero lutar, mas já não tenho hipótese, já não posso mais construir a estrada, ficou inviável. Destrui a boneca e ela ficou pela estrada ou eu fiquei pela estrada.
Tomamos decisões na nossa vida e sem nos apercebermos imediatamente da-mos por nós a perder as coisas que mais alegria nos dão na vida, destruimos a hipótese do amanhã. Ai! Quero parar de chorar, mas não consigo.
O caminho ficou escuro tal como os meus lençóis, nesses só sinto o rio que lhes corre e por esta hora já vai longo... deixaram-me ir sem eu o desejar.
Acreditei e agora estou vazio, mas dói, dói ter destruido a coisa mais bonita que tinha no mundo.
Restam agora fotografias a preto e branco, uma caixa debaixo da minha secretária com promessas perdidas e uma rosa que ainda não perdeu o cheiro. "Me and You, Just us two!"
Até qualquer dia... digo-te isto agora pela última vez, nem sei como...

Com muito amor,
Gonçalo Miguel Costa Palma Camões Quina

P.S.
Sê feliz...

Gonçalo Camões
6/06/2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Decadência.


Sentei-me no café amargurado por uma vida de mentiras e injúrias. Apetece-me um cigarro para acompanhar o café, mas nem dinheiro para comprar um maço de tabaco tenho. Vou ter de me contentar com a bebida.
A esta hora devia estar sentado numa sala a dissertar Cesário Verde e as suas aspirações, mas já nem estofo tenho para as minhas quanto mais para as de outros. Pus-me a pensar na minha vida...
Há três anos atrás recebia uma chamada do célebre Liceu Camões questionando-me que disciplinas pretendia. Lembro-me como se fosse hoje, os meus olhos encheram-se de alegria e eu comecei aos pulos na Baixa, quem por ali passasse certamente acharia que eu estava a ter um ataque de espamos ou simplesmente que eu era mais dos neuróticos que por ali andava. O que as pessoas não sabiam é que aquilo significava muito mais para mim do que para um simples aluno com uma vida normal. Iria iniciar um novo capítulo da minha vida, num sítio novo e onde tudo me era desconhecido e acima de tudo ninguém conhecia a minha pesssoa ou o meu passado, só existiria um registo escolar exemplar e esse só chegaria aos professores. A esperança surgiu-me de novo, surgiu como um escape, Lisboa era um escape para fugir aos meus problemas, à vida que eu tinha em casa. Saiu-me o tiro pela colatra!
Três anos mais tarde aqui estou eu: uma mente inteligente pouco elucidada pelo desafogo de outros. A minha vida não melhorou, piorou de uma forma exacerbadamente tormentosa, deixou-me melancólico, fez-me sentir um falhado e, por mais que outros que nada tinham a ver com a minha vida me terem tentado ajudar, eu nunca atingi os objectivos que tinha nem nunca contentei a esperança que outros depositavam em mim. Sinto-me verdadeiramente um falhado, sinto que a vida me venceu e por esta hora já verto as lárgimas. Já nem a poesia, algo que aprendi a gostar no Camões, graças à tão minha querida professora Cristina Duarte, por quem nutro um enorme carinho, já nem poesia me absorve... olho para as linhas e as palavras não me saiem, as ideias são fuscas e o meu coração pára de bater... foi-se-me o sentimento, até a poesia me deixou.
Aos dezoito anos eu devia estar a viver o meu sonho, outros deviam proporcionar-me seguranças, ajudar-me a atingir os meus objectivos. Aos dezoito anos não tenho nada certo, não tenho uma única coisa que desejasse concretizada e essa realidade parece-me cada vez mais distante.
Há três anos eu ainda sorria, agora só choro. Há três anos eu acabei o terceiro ciclo com distinção, melhor aluno da turma e da escola, agora reprovei sem dó nem piedade e sou capaz de reprovar outra vez, serei um asno? Não. Não sou, simplesmente o meu corpo e a minha mente já não têm capacidade de vencer os obstáculos, estão demasiado cansados, pareço um moribundo e não estou a exagerar.
Depois destes todos males feitos o que é que eu ainda posso esperar da vida? Eu não tenho nada certo e quando julgo que as coisas se vão endireitar vem uma onda familiar e joga fora as minhas esperanças. Corrói-me, deteriora-me levando-me quase à destruição total. E eu fico neste impasse, rezando para que sobreviva mais um dia.
Tenho de voltar para a escola, para o Liceu Camões, tenho de ir enfrentar os problemas, até tenho vergonha de lá pôr os pés, tenho de ir sozinho, porque outros que me geram problemas, que maltratam a minha pobre alma não dão a cara. Vou limpar as lágrimas e erguer-me.
No final ajustam-se as contas e para o meu lado as coisas não parecem muito abonatórias.
Vou erguer-me e voltar a passar por esta rua onde à três anos atrás a vida me pareceu sorrir, agora é diferente. As folhas das árvores já caíram e a verdade nua e crua ficou à mostra.

Gonçalo Camões
2/06/2010