quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

credibilidade.


Outra vez... era bom que esta história se iniciasse num “era uma vez” como maioritariamente os contos de fadas começam, caí na realidade, mais uma vez sinto a terra a tremer e agregado a esse factor da natureza um maremoto que me consome. Que vida!
            Errei em tantas coisas, fiz tantos disparates, contudo tenho crescido tanto e a minha estrutura cada vez mais tem sido abalada. Estou triste.
            Eu tenho muitos defeitos, muitas inseguranças é um facto, mas pior que isso é sentir o olhar de desapontamento de outros, sentir que a minha credibilidade está posta em causa quando pela primeira vez na vida eu consegui ser completamente honesto e mostrar todo o meu eu e a minha fraqueza.
            Por mais que tente achar um ponto que me agarre ao chão, não sei o que fazer, sei que estão a tentar estar comigo, mas sinto-me só,  que o presente é algo efémero e que a qualquer momento pode desvanecer como a areia que se move no deserto.
            Terei errado tanto ao ponto de a minha credibilidade ser posta em causa desta maneira? Oh inferno! Dou tanto de mim e no final atesto a força da esfola.
            Não consigo segurar-me, não sei o amanhã, nada me parece certo, quem sou eu? Que vida é a minha?
           
Gonçalo Camões
30/01/2013

domingo, 27 de janeiro de 2013

efémero saber


Meu Deus,  estou estupefacto comigo... como é possível, passaram cerca de dois ou três anos desde que considero que iniciei a minha vida de adulto lentamente e quanto mudou.
Há três anos eu não imaginava estar onde estou, nem muito menos com os objectivos de vida que evoco, provavelmente eu estaria a seguir o comum da maior parte das pessoas, estaria no meu terceiro ano de faculdade, num mundo ilusório sem propostas de trabalho para pessoas graduadas, cogitando e acreditando fielmente que eu estava a destinado a ser grande, pois claro!
Hoje em dia penso naquilo que os outros depositaram em mim, a esperança, o acreditarem em mim e dizerem “tu podes ter o mundo a teus pés” e eu interiormente saber “eu posso, basta querer e trabalhar para isso”... agora não consigo encarar esses seres, tenho vergonha, vergonha da desilusão que eu vou embutir nos outros como aliás eu sei que é um extraordinário poder que eu adquiri, aquilo a que os humanos chamam creditar uma pessoa e esta não constituir capacidades suficientes ou habilidade para concretizar esse feito... Sou assim em todos os parâmetros da minha vida, cada vez mais tomo como assente essa contenda em mim, no trabalho, na minha relação, no rumo que eu tomo diariamente na minha vida social... mas como, como combater isso, quando a questão está no nosso interior, quando é o nosso Eu que nos atormenta, quando profundamente sabemos que aquilo pelo qual padece-mos não é transmissível a outros enquanto nós não soubermos a resposta e enquanto o orgulho assim não o permitir.
Olho para trás, faço analepses da minha vida como se a caneta com que eu escrevi lentamente fosse perdendo a tinta... au! Esta doeu.  Onde estás tu quando lutavas contra tudo e todos e dizias “não! eu sou mais! Eu vou e faço e hei-de te provar que eu sou melhor”, quando muitas vezes eu não sabia se eu o ia conseguir, mas uma coisa é certa, nunca daria a parte fraca, como aliás raras foram as vezes da minha vida em que eu cedi, em que eu não concretizei a minha vontade tivesse de ir contra o ideal de quem fosse. Claro que cheguei a um ponto em que não aguentei e o meu muro ruiu em contraposto ao de Berlim, mas se assim não fosse, humano com certeza eu não seria.
Não sou infeliz, pelo contrário, tenho orgulho em tudo o que vou construindo, nas minhas batalhas ganhas, naquilo que eu tendo vinte e um invernos já atingi, porque lentamente pequenos fragmentos meus se vão reunindo e colmatando as minhas feridas de guerra. Por maior que seja o meu baque cada vez que eu bato contra a parede, quando eu retorno sou mais forte, chama-se crescer segundo dizem.  Claro que quando contemplamos o nosso passado gera-se uma certa nostalgia, julgamos o que éramos e o que somos, e no fim disto tudo quando a cortina cai eu imagino-me como uma peça de teatro em que Sócrates e eu somos protagonistas num café onde a expressão “só sei que nada sei” ganha todo o seu expoente máximo e, interiormente, sabemos que esta é toda a condição que representa a vida. 
Ninguém nos prepara para o que é ser adulto, psicologicamente tenho consciência que o choque que tive foi uma batalha pessoal e abalou psicologicamente a minha estrutura, talvez porque eu sempre estive habituado a que tudo caminhasse na minha direcção, bastava a minha presença, como se produzi-se vida em meu redor,  contudo isso é efémero e quando aceitamos tal facto a solidão bate à porta e aqueles seres que acreditamos que estariam sempre prontos para nos amparar a queda, instantaneamente deixam-nos estilhaçar como um copo de cristal que se quebra. Agora apreendo isso, apoquenta-me é o baque dos outros cujo o laço de sangue que nos une é o mesmo. Que esse dia nunca chegue.
Sinto-me completo e apesar de todas estas questões que levantei, sou feliz, cada vez mais, sinto-me realizado, tenho alguns pontos pendentes claro que ainda preciso de ganhar força e dizer a este eu que me atormenta interiormente que eu vou ganhar, não sei quando vou chegar lá, mas que vou conseguir vou! Por agora já concretizei parte das minhas aspirações e obrigado seriamente a todos os que me deram a mão e me ajudaram a atingir os meus objectivos.
Quem serei eu amanhã...

Gonçalo Camões
27/01/2013