sexta-feira, 30 de julho de 2010

Hiding my heart away.


Sobe e desce nessa inconstância permanente sob a qual se rege, chama-se vida. Ora aqui estou eu a pensar cometer um acto que vai deixar algumas pessoas desgraçadamente perturbadas, prioritariamente talvez os meus pais, que me vão achar doido e dar-me o sermão e missa cantada, mas como já tenho dezoito anos acho que sou bem livre de fazer o que quero no que diz respeito a decisões que interfiram com a minha vida, o meu corpo, etc... estou deveras a cogitar afincadamente fazer uma coisa, mas é algo que não tem retorno uma vez feito, portanto tem de ser devidamente questionado e ponderado, mas por enquanto vou manter segredo, prefiro apanhar todos de surpresa, porque o acto que vou fazer prende-se com uma promessa que eu fiz, com uma prova que tenho a prestar e mais não digo.
Quando o sol raiar e eu acordar talvez algo já tenha mudado, contudo sei que algo vai sempre ficar marcado em mim, ela.

Gonçalo Camões
31/07/2010

P.S.
Amo-te

terça-feira, 27 de julho de 2010

Marcas.


Às vezes olhamos para o tempo, ficamos pensativos e enquanto vemos a estrelas brilhar no céu, esperamos pelo que o futuro nos poderá trazer... e é tudo tão relativo e tão baseado na experiência, a vida só por si já é uma experiência, interessante, estou aqui sentado e não sei realmente sobre o que escrever, vou deixar fluir a minha mente, vou libertar-me.
"O amor é frágil". Realmente eu não sei o que dizer, mas as palavras que se ecoam em mim são carentes, deixei-me cair em tristeza provavelmente, porque na realidade estou a perder o meu Verão e é nestes momentos que entendo... agora estou a compreender que os obstáculos são uma constante, que temos de lutar e lutar não é fácil, dói e gera feridas nas mãos, deixa hematomas e as marcas que não saram servem para nos relembrar, são uma linha do tempo, ligam-nos às memórias de uma vida que será breve, mas pela qual temos de lutar.
Estou a descer tanto e apesar de começar a colocar os meus braços no que tem de ser feito, vejo que estou praticamente sozinho, sozinho a lutar por mim e por outros... não sei como gerir o que me envolve, sinto falta dos momentos em que as coisas não eram tão duras e eu não dormia até às duas da tarde. Não sei como ajudar todos sem me perder a mim mesmo.
O meu olhar repassa a minha casa, suja, quase vazia, tornou-se notoriamente num dormitório, os poucos momentos em que algo habita nela são admiráveis, mas este lar perdeu o brilho e nele ficam apenas pedaços de papel escritos numa parede.
Do outro lado do oceano reside um sentimento forte, mas não sei como não ser chato, tenho medo de a perder, tanto medo, ela é importante demais, não há um dia em que a sua alma não se abata com a minha, amo-a, tanto que me é dificil não ser chato... tenho medo que se farte de mim, tenho medo que ela não veja que me estou a tornar num homem, quando ela foi a primeira a considerar-me como tal, ela nunca perdeu a fé em mim e por mais que digam eu sinto que também nunca desistiu de acreditar no que eu me posso tornar, acompanhou-me e segue-me numa batalha na qual eu agora me sinto um pouco à deriva, tenho mesmo medo, acho que nunca me senti assim, aiii... apetece-me gritar e chorar e não sei... sinto um aperto enorme no coração. Será que ela ainda olha para mim realmente, será que ela me ama? Será que ela me quer? Tenho medo e não consigo parar de dizer isto, porque ela é a coisa que mais quero no mundo, amo-a tanto, não quero ser chato, "o amor é frágil" e se não tomarmos conta dele ele destrói-se, não posso deixar que isso aconteça... eu amo-a só lhe quero provar que digo a verdade, só espero que ela sinta o mesmo por mim, amo-a.
E nestas horas olho para os meus amigos, para a minha família, como os pequenos gestos fazem a diferença, como tenho de aproveitar as poucas horas que tenho para mim, tenho de as partilhar com os que mais bem-quero. Olho para a minha irmã, está tão crescida e quando ela sorri, dá-se uma sensação tão boa em mim, quero chorar, porque ela faz-me sorrir, mas agora eu nem sempre posso estar presente e começo a entender a ausência dos meus pais, começo a lembrar-me como era quando eles me deixavam nos meus avós de manhã cedinho para ir trabalhar e eu ficava lá a dormir e só os voltava a ver a noite, eles tinham de me sustentar e agora eu tenho de ajudar nem que seja pondo um pouco de comida em casa, porque os bolsos já apertam e o frigorifico não se enche sozinho, seria egoista da minha parte se não desse um pouco, não gosto de ver a minha mãe magra, a matar-se a trabalhar, tal como eu, e a comer pouco, não é correcto, começo a apreender que existem prioridades...
Só espero que ela me aceite quando estivermos juntos, quando ela ou eu atravessar-mos o aceano que nos separa, quero tanto beijar aqueles lábios, quero tanto vê-la sorrir e ouvi-la dizer o seu Quina Baby junto a mim, quero deitar-me com ela durante a noite, encostar a minha cabeça junto ao peito dela enquanto as minhas mão tocam suavemente a barriga dela e as mãos dela pousam sobre a minha cabeça. Ela traz-me tanta alegria que não faz ideia.
Agora enquanto os meus amigos pernoitam em minha casa e a minha irmã está comigo, vou aproveitar o resto das horas, porque agora, agora é que eu comecei a dar valor aos poucos momentos da vida, porque ela é breve e curta e a maior parte das horas são gastas em coisas que são necessárias para a sobrevivência, mas os pequenos momentos valem tanto a pena...

Com amor a todos

Gonçalo Camões
28/07/2010

domingo, 25 de julho de 2010

Carta à minha irmã.


Meu bebé...

longos vão os tempos em que eu ,com a minha pequena idade de seis anos, te via a arrastares o traseiro casa fora, visto que nunca aprendeste a gatinhar. Logo a partir desse momento percebi que eras especial, não na minha cabeça infantil de seis anos, mas sim hoje... tu não és como os outros, és diferente, não por seres minha irmã, mas sim porque a cada de dia que passa nesse teu corpo que amadurece ainda vejo um pouco dessa criança, mas mais crescida... e eu estou a perder isso.
Tristemente a vida dá voltas, é uma realidade, temos de lutar por coisas, coisas que são fúteis e inúteis, mas sem as quais não podemos viver, como o caso do dinheiro. Eu estou a trabalhar e falta-me tempo para te dar a atenção que mereces, agora não consigo levar-te a passear como desejava fazer, não existem alturas para termos conversas sérias das nossas e eu sei que tu precisas que eu te oiça e muitas vezes eu não estou presente para que tu o possas fazer.
Tu não és uma simples irmã, tu és como uma filha, fui eu que te criei, fui eu que estive nas alturas dificeis, fui eu que te deixei enconstar a cabeça no meu ombro, chorar e enrolares a tua cabeça no meu peito até adormeceres, tentei dar-te uma vida o mais normal possível, longe dos problemas que tinhamos em casa, também te fiz passar por muito, viste-me ir abaixo, cair por caminhos que não esperavas, nem tão pouco eu esperava, mais uma vez a vida pregou-me uma rasteira e eu que era o teu único amparo deixei-te perdida, tentei ajudar-te, mas era dificil compreenderes muita coisa, é normal, afinal eras uma menina pequena de onze anos.
Hoje tenho vontade de chorar, porque sinto a tua falta, raramente te vejo, é compreensivel, estás de férias, mas eu sei que também sentes a minha falta, nota-se... vou-te explicar.
Sempre que estamos juntos, nas raras e poucas vezes, começo a notar nos mimos que me tentas dar, surge um lado teu mais carinhoso, coisa que tu só fazes quando estás mesmo com saudades, dás-me beijinhos, tu nunca me dás beijinhos, são raras as vezes, agora pedes-me sempre e no outro dia, quando vinhamos no carro, deste-me a mão, são atitudes que me marcam e que fazem ver o que eu estou a perder, no entanto sei que o que faço, que o trabalho, daqui a uns tempos nos vai permitir ter uma vida melhor, pelo menos mais ajustada.
Não quero que fiques triste, és a coisa mais importante que tenho e já estás tão crescida, o mano admira-te, admiro-te muito, admiro-te por acreditares em mim e por muitas vezes seres tu a primeira a por o pé a frente quando alguém me aponta o dedo.
Amo-te minha pequenina, tenho saudades tuas... desculpa.

Gonçalo Camões
26/07/2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ne me quittes pas


Mergulhei na penumbra... as oscilações vagas que eludibriavam a minha mente prendiam-se com locais longinquos que, já Mário de Sá-Carneiro tanto analtecia. Fiquei parado observando as horas, tentando entender no meu cansaço disfarçado quanto tempo faltaria e nessa ansiosa espera cogitava de como seria o primeiro momento, o primeiro toque, a primeira vez em que voltaria a sentir o seu cheiro, o cheiro daquele perfume adocicado sem álcool.
Cento e sessenta e três dias... cento e sessenta e três dias impaciente nesta amostra de amor que o meu coração luta por te dar, nesta esperança que tenho que tu apareças também, neste mistério que só eu e tu sabemos. E quando os foguetes rebentarem, será como a celebração que devia ter ocorrido este ano, sozinhos, acabando com o luto que temos por uma relação, recriando o nascimento da mesma.
Lá nas nuvens envolto em felicidade nervosa, tendo medo de não saber como se faz, como vai ser, cogitante na forma como os nossos lábios se tocarão, no primeiro ósculo após tanto tempo, ficarei observando as luzes de tal cidade que me é estranha, enquanto nos meus ouvidos se lança a voz de Piaf no roubo da canção "Ne me quittes pas".
No meio de sonoridades que quase me são desconhecidas, digo-te em algo que compreendo, solto levemente, embutido em teus braços, solta-se... amo-te.
Longe ficam outros e o nós unifica-se, sozinho, o nós vai passeando pelas ruas, dando as mãos, beijando-se, acariciando-se, ficando mais junto no frio, observando a paisagem, evocando-se na luz da paixão.
Espero, espero e espero, sem problemas... só quero que chegue o dia, o dia da nossa liberdade, noutro lugar, pois aqui não nos a dão.
Ate amanhã mon amour...

Gonçalo Camões
16/07/2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Oceano dos apartos.


Longos tempos sem escrever agora ditam a minha alma, não porque não queira, simplesmente porque o tempo é escasso e a virtude de ideias segue o tempo. Contudo hoje o meu estado de alma renovou-se e apetece-me escrever sobre ti, sobre as ascendências que tu deixas em mim.
Hoje finalmente o meu corpo teve a possibilidade de descansar, pode usufruir realmente daquilo a que chamam férias, embora tivesse sido por poucas horas, foram o suficiente para sentir um pouco de gozo da vida e paz, algo que para mim se começava a surgir como uma necessidade básica.
Dirigi-me à praia, naquilo que parecia ser um dia normal com a família, queria tanto tocar o mar, sentir o sol a bater-me na cara, ficar sujo de areia e refilar, andar de óculos de sol e calções de banho... não perdi tempo, a razão pela qual não me têm surgido ideias prende-se com o facto de andar ocupado a trabalhar o que não deixa sequer um resto de tempo para mim, claro que no meu pensamento tenho sempre uma coisa, tu.
Vagueie pela praia, eram sete da tarde e no horizonte avistava-se o pôr do sol, tão bonito que ele era naquela sua cor quente, senti-o abraçar-me, parecia entender a razão verdadeira pela qual ali estava. Via as ondas enrolar como em tempos de puericía me cantavam, fiquei ali, sentei-me na areia. A praia estava praticamente deserta e a minha família ficara longe, suficientemente longe para eu poder mergulhar no meu pensamento. Lá ao longe vi-a um barco, iria para esse país onde tu te encontras talvez. O mar que nos separa envolveu-se em mim, o meu corpo movia-se com a água, mas cedo percebi que não me levaria longe, apeteceu-me chorar, mas percebi que questões físicas não me permitiam ir mais além.
Desapontado e comprometido com o falhanço fiquei mais uma vez a admirar o oceano, parecia tão belo, envolto no pôr do sol, no entanto tão belo me parecia como horroroso se demonstrava, afinal de tudo era uma das causas da distância presente entre nós, como podia ser possivel? Como é que algo tão bonito, causador de paz, podia igualmente apartar algo tão esbelto como nós? Não cheguei a conclusão nenhuma.
Imaginei-nos aos dois, naquela praia, realizando a fantasia que várias vezes já referira... nós, uma casa na praia, sentados na varanda, a usufruir do tempo, a gastar a nossa vida. Parecia a hora ideal, apesar de tudo não me senti sozinho, senti que me acompanhavas.
Deixei-me ficar, via o mar, no meio da areia surgia uma pena de gaivota, agarrei nela e escrevi o teu nome na areia como monte de outros apaixonados já haviam feito, o mar veio e levou o teu nome com ele, guardo-te nele, eu... eu fiquei aguardando que tu recebesses o meu chamamento, aquele que o mar levou com ele. Amo-te.

Gonçalo Camões
06/07/2010