
Às vezes olhamos para o tempo, ficamos pensativos e enquanto vemos a estrelas brilhar no céu, esperamos pelo que o futuro nos poderá trazer... e é tudo tão relativo e tão baseado na experiência, a vida só por si já é uma experiência, interessante, estou aqui sentado e não sei realmente sobre o que escrever, vou deixar fluir a minha mente, vou libertar-me.
"O amor é frágil". Realmente eu não sei o que dizer, mas as palavras que se ecoam em mim são carentes, deixei-me cair em tristeza provavelmente, porque na realidade estou a perder o meu Verão e é nestes momentos que entendo... agora estou a compreender que os obstáculos são uma constante, que temos de lutar e lutar não é fácil, dói e gera feridas nas mãos, deixa hematomas e as marcas que não saram servem para nos relembrar, são uma linha do tempo, ligam-nos às memórias de uma vida que será breve, mas pela qual temos de lutar.
Estou a descer tanto e apesar de começar a colocar os meus braços no que tem de ser feito, vejo que estou praticamente sozinho, sozinho a lutar por mim e por outros... não sei como gerir o que me envolve, sinto falta dos momentos em que as coisas não eram tão duras e eu não dormia até às duas da tarde. Não sei como ajudar todos sem me perder a mim mesmo.
O meu olhar repassa a minha casa, suja, quase vazia, tornou-se notoriamente num dormitório, os poucos momentos em que algo habita nela são admiráveis, mas este lar perdeu o brilho e nele ficam apenas pedaços de papel escritos numa parede.
Do outro lado do oceano reside um sentimento forte, mas não sei como não ser chato, tenho medo de a perder, tanto medo, ela é importante demais, não há um dia em que a sua alma não se abata com a minha, amo-a, tanto que me é dificil não ser chato... tenho medo que se farte de mim, tenho medo que ela não veja que me estou a tornar num homem, quando ela foi a primeira a considerar-me como tal, ela nunca perdeu a fé em mim e por mais que digam eu sinto que também nunca desistiu de acreditar no que eu me posso tornar, acompanhou-me e segue-me numa batalha na qual eu agora me sinto um pouco à deriva, tenho mesmo medo, acho que nunca me senti assim, aiii... apetece-me gritar e chorar e não sei... sinto um aperto enorme no coração. Será que ela ainda olha para mim realmente, será que ela me ama? Será que ela me quer? Tenho medo e não consigo parar de dizer isto, porque ela é a coisa que mais quero no mundo, amo-a tanto, não quero ser chato, "o amor é frágil" e se não tomarmos conta dele ele destrói-se, não posso deixar que isso aconteça... eu amo-a só lhe quero provar que digo a verdade, só espero que ela sinta o mesmo por mim, amo-a.
E nestas horas olho para os meus amigos, para a minha família, como os pequenos gestos fazem a diferença, como tenho de aproveitar as poucas horas que tenho para mim, tenho de as partilhar com os que mais bem-quero. Olho para a minha irmã, está tão crescida e quando ela sorri, dá-se uma sensação tão boa em mim, quero chorar, porque ela faz-me sorrir, mas agora eu nem sempre posso estar presente e começo a entender a ausência dos meus pais, começo a lembrar-me como era quando eles me deixavam nos meus avós de manhã cedinho para ir trabalhar e eu ficava lá a dormir e só os voltava a ver a noite, eles tinham de me sustentar e agora eu tenho de ajudar nem que seja pondo um pouco de comida em casa, porque os bolsos já apertam e o frigorifico não se enche sozinho, seria egoista da minha parte se não desse um pouco, não gosto de ver a minha mãe magra, a matar-se a trabalhar, tal como eu, e a comer pouco, não é correcto, começo a apreender que existem prioridades...
Só espero que ela me aceite quando estivermos juntos, quando ela ou eu atravessar-mos o aceano que nos separa, quero tanto beijar aqueles lábios, quero tanto vê-la sorrir e ouvi-la dizer o seu Quina Baby junto a mim, quero deitar-me com ela durante a noite, encostar a minha cabeça junto ao peito dela enquanto as minhas mão tocam suavemente a barriga dela e as mãos dela pousam sobre a minha cabeça. Ela traz-me tanta alegria que não faz ideia.
Agora enquanto os meus amigos pernoitam em minha casa e a minha irmã está comigo, vou aproveitar o resto das horas, porque agora, agora é que eu comecei a dar valor aos poucos momentos da vida, porque ela é breve e curta e a maior parte das horas são gastas em coisas que são necessárias para a sobrevivência, mas os pequenos momentos valem tanto a pena...
Com amor a todos
Gonçalo Camões
28/07/2010