domingo, 1 de agosto de 2010

Ternura descalça.





Os seus pés descalços caminham sobre a areia, lá vai ela, surge com o cabelo ao vento de jeito inocente, as suas feições transparecem alegria... em areia caminho eu, distante de tal lugar, de tal pessoa, sem uma única palavra, provavelmente merecido... e hoje a ferida abre.
Volto-me a perder por enredos que não saram, ficam estagnados num ponto e por mais que a sapiência me tente ajudar a procurar uma resposta, uma direcção não há um fio a que me possa agarrar. Triste.
Ela segue a vida sem palavras, brilha lá noutros lugar distantes em que a alma fica em paz, torno-me monstruoso, sinto-me assim, odeio sentir-me assim, mas a verdade é que errei, agora pago por esse mesmo erro, porque na minha mente tonta e preguiçosa eu acredito no amor, acredito que é possivel apagar o passado, ou melhor aprender com ele e ultrapassar barreiras ou obstáculos, contudo as coisas não me surgem assim. Não vou pedir mais desculpa, o mal foi feito, fez-me crescer, só o tempo dirá como são as coisas, embora eu já esteja a prever o futuro, porque as palavras levou-as o vento.
Ando só nesta praia, divago em histórias, olho o mar, sinto-me em paz, mas ele é tão feio, tão indolente, tão idiota, tornou-se no meu espelho! Não grajeio nada, não me é destinado, pessoas que cometem erros como eu acabam sempre por perder as coisas mais importantes, não é por falta de batalha, eu luto, mas nesta batalha somos dois e a minha palavra não tem credibilidade.
Nestas horas vagas o oceano já não me sorri, ela já não me sorri, o meu sorriso foi-se e a minha vida passa como grãos de areia por uma mão, parece que estou preso num romance em que o final é indesejadamente desafortunado.
Agora já não oiço aquele pequeno sussuro - "Quina Baby" - ou a gargalhada tonta que tanto me faz sorrir, desapareceu ou simplesmente perdeu-se.
O meu medo tornou-se real, pelo menos assim ele se aprensenta, somos amigos, talvez nem tanto, parece que a afugentei.
Vou deixá-la percorrer a praia, eu... eu fico-me pelo dormir, porque pelo menos aí a realidade costuma fugir...

Gonçalo Camões
2/08/2010

P.S.
Amo-te

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