segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vago Alento.


No alento do comboio os meus olhos vêm aquilo que não está nitido... por alguma razão este lugar tão vago, tão pouco pessoal se tornou no meu meio de chegar aos pensamentos. Talvez porque aqui tudo é vago, ninguém sabe quem sou ou sequer cogita sobre a minha existência, aqui apenas se vêm vidas que saiem de paragem em paragem.
Eu penso naquilo que vejo nos outros, vou a reparar nos seus gestos, no casal de namorados que vai ao fundo da carruagem e eu, com um papel e um lápis na mão, a escrever. Sinto saudades de amar e sobretudo de ser amado... não estou a referir-me obviamente aos beijos que uma pessoa dá a outra em que proferem palavras soltas, muito pouco dignas de sentimento, estou a falar de paixão, amor, ter vontade de estar com aquela pessoa a todo o momento, não quero brincadeiras que têm a duração máxima de um dia, isso não é nada!
Chegou uma altura da minha vida em que a vontade de estar no sofá enroscado a alguém, a ver um filme e a comer pipocas e saber que vou dormir com essa pessoa, saber que ela vai estar lá amanhã e no dia seguinte, por aí fora, é algo pelo qual anseio muito mais, do que andar por aí com um ser "desconhecido" todos os dias.
Provavelmente estou a tomar uma atitude demasiado adulta para os meus dezoito anos, mas a vida é minha e eu não digo que seja eterno, simplesmente digo que seja de longa duração.
Chegou a altura do Natal, do Inverno, do frio que, por acaso, eu adoro. Fico sempre a visualizar-me a passar na baixa Lisboeta com alguém, a ver as luzes de natal e a comer castanhas, enquanto bebo um café gigante daqueles do Starbucks, ideal seria se nevasse, mas isso já é pedir muito.
A nostalgia invade-me sempre um pouco é verdade, relembra-me a minha mãe a apertar-me o casaco gigante, maior do que eu, a levar-me a passear com o meu pai, a jardins, a ver as luzes, a ir ao cinema e ver sempre na minha árvore um monte de prendas gigantes e a minha familia, na altura em que ainda se podia chamar assim, a minha familia toda a festejar enquanto abriamos as prendas.
Gostava de poder partilhar essas coisas com alguém, apesar de serem passado ficam sempre na minha memória... Talvez assim aquele sorriso ingénuo e verdadeiro da criança que havia em mim venha a renascer um dia... há sempre um amanhã.

Gonçalo Camões
15.11.2010

2 comentários:

  1. ADORO os teus textos gonçalo. Nunca desistas.

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  2. Ta brutal G. gostei mesmo e tb tou nessa fase... da vida!
    ;)
    keep going!

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