terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Causas da Decadência do Ser


É lamentável de certo, contudo cada vez mais é notável o abatimento que recai sobre cada indivíduo. Existem várias razões para esta questão, que há-de no fundo tornar-se na rotura de um meio social.
Quando entramos num hospital e vê-mos um parente nosso, idoso, desfalecido sobre uma cadeira, apartado dos familiares, rodeado de profissionais especializados que não exercem a sua função é de facto triste e faz-nos sentir impotentes, inúteis. Porquê? Não há razão aparente, apenas se sabe que essa é uma das causas. Agora vos apresento eu aqui o meu caso, referindo-vos um caso meu. A ruptura dá-se dentro do próprio meio familiar quando uma pessoa, como a minha avó, necessita de ajuda e seres do mesmo sangue viram-lhe costas, recusam-lhe socorro. Ora bem torne-mos esta exposição mais pessoal, falando na primeira pessoa. “Cheguei ao hospital, após de enumeras tentativas de contacto à minha mãe e de uma acesa discussão com o meu pai em que eu expus as minhas preocupações que aparentemente não foram ouvidas, vejo-me sozinho, questionando-me onde se encontram os meus avós, dirijo-me a um balcão de informações, esqueço o cenário à minha volta, viro costas e vejo a minha avó, os pés mal suportavam o seu peso, agarrada por um braço do meu avô, desprovida de qualquer ajuda hospitalar e sentam-na numa ordinária cadeira sem condições. - Enquanto ela se senta numa imprópria cadeira, outros afogam as suas mágoas, outros esquecem-se dos filhos, outros choram, eu choro. – Tomei consciência do cenário à minha volta quando uma mulher desmaia à minha frente e é levada para a sala de reanimação. Tento acompanhar a minha avó, contudo só é permitida a entrada de um acompanhante, vejo-me preso num átrio de um hospital, em plena madrugada, sozinho fumando cigarros e bebendo café para me manter acordado. Isto é com certeza muito humano!
Evoco agora outras belezas acres, aclaro outros desassossegos, atrocidades de outros seres. “
A decadência de cada um de nós gera-se sempre de forma diferente, para uns pode ser um vício, para outros uma depressão e quem sabe ainda a falta de inovação que existe hoje em dia.
Existem estados como o de alcoolemia, derivado de um sestro ao álcool, que nos podem levar a cometer grandes loucuras, o uso da razão é inexistente, somos autênticos asnos guiados por uma corrente sanguínea contaminada. – “Pai, porque perpetraste tal acto?” – O sujeito torna-se alienado, cega, deixa de ver o mundo real. – “Depois do abandono de um ente querido no hospital, vejo-me sozinho, com dois avós. Abandona-mos o hospital de madrugada e há hora que o galo canta, desço sucintamente as escada de um prédio abraçando a minha avó para que esta não caía. Onde estavas tu? Não sei, nem uma notícia, chego a casa e desfaleço sobre a cama.
A minha vida parou nos meus sonhos, contudo no real geravam-se tormentos. Eis que acordo, alguém é preso. E eis que entra a demonstração do estado de insânia. Ir em contra-mão na estrada, apresentando dois virgula sete de álcool no sangue é óbvio que dá nas vistas. Ora criatura é presa, solta e mandada para casa num táxi, tendo de se apresentar no tribunal à tarde. Em vez de cumprir com as indicações que lhe são dadas, enfia-se num hotel, não atende chamadas e dorme profundamente. O resultado é satisfatório! Ninguém sabe dele, não se apresenta a tribunal, existe uma família preocupada. E eu? Eu volto a ser o réu, o que tem culpas no cartório. Batalho, sai-o do meu estado de quimera e luta contra a corrente mais uma vez. “
A decadência está em cada um de nós e influência a vida dos outros. Estas são as causas da decadência do ser.

Gonçalo Camões
24.02.2010

1 comentário:

  1. ..agora que estas com pes na terra as inicais JB nao dizem nada ? ok..nao dizem.. talvez este episodio muito breve relatado te relembre de quem sou (link no final)..segue o que sentes e se sentido,nao ligues ao dizem mas sim ao que tu es,uns largos minutos falei hoje de ti com JE e pena temos de estares assim,por tudo o que estas a passar e nós (JB e JE) nada podermos fazer para te ajudar,falo por mim e por ele tens aqui um (uns) ombro amigo. Mal nao te querem nem com segundas intencoes. Andas a escrever bem "PALHACO CIGANITO" mas triste fico por ver tanta tristesa ler..e que tudo passe rapido .

    Abracos GQ

    http://lucky34.blogspot.com/2010/01/num-lugar-perto-de-espanha.html

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