domingo, 25 de julho de 2010

Carta à minha irmã.


Meu bebé...

longos vão os tempos em que eu ,com a minha pequena idade de seis anos, te via a arrastares o traseiro casa fora, visto que nunca aprendeste a gatinhar. Logo a partir desse momento percebi que eras especial, não na minha cabeça infantil de seis anos, mas sim hoje... tu não és como os outros, és diferente, não por seres minha irmã, mas sim porque a cada de dia que passa nesse teu corpo que amadurece ainda vejo um pouco dessa criança, mas mais crescida... e eu estou a perder isso.
Tristemente a vida dá voltas, é uma realidade, temos de lutar por coisas, coisas que são fúteis e inúteis, mas sem as quais não podemos viver, como o caso do dinheiro. Eu estou a trabalhar e falta-me tempo para te dar a atenção que mereces, agora não consigo levar-te a passear como desejava fazer, não existem alturas para termos conversas sérias das nossas e eu sei que tu precisas que eu te oiça e muitas vezes eu não estou presente para que tu o possas fazer.
Tu não és uma simples irmã, tu és como uma filha, fui eu que te criei, fui eu que estive nas alturas dificeis, fui eu que te deixei enconstar a cabeça no meu ombro, chorar e enrolares a tua cabeça no meu peito até adormeceres, tentei dar-te uma vida o mais normal possível, longe dos problemas que tinhamos em casa, também te fiz passar por muito, viste-me ir abaixo, cair por caminhos que não esperavas, nem tão pouco eu esperava, mais uma vez a vida pregou-me uma rasteira e eu que era o teu único amparo deixei-te perdida, tentei ajudar-te, mas era dificil compreenderes muita coisa, é normal, afinal eras uma menina pequena de onze anos.
Hoje tenho vontade de chorar, porque sinto a tua falta, raramente te vejo, é compreensivel, estás de férias, mas eu sei que também sentes a minha falta, nota-se... vou-te explicar.
Sempre que estamos juntos, nas raras e poucas vezes, começo a notar nos mimos que me tentas dar, surge um lado teu mais carinhoso, coisa que tu só fazes quando estás mesmo com saudades, dás-me beijinhos, tu nunca me dás beijinhos, são raras as vezes, agora pedes-me sempre e no outro dia, quando vinhamos no carro, deste-me a mão, são atitudes que me marcam e que fazem ver o que eu estou a perder, no entanto sei que o que faço, que o trabalho, daqui a uns tempos nos vai permitir ter uma vida melhor, pelo menos mais ajustada.
Não quero que fiques triste, és a coisa mais importante que tenho e já estás tão crescida, o mano admira-te, admiro-te muito, admiro-te por acreditares em mim e por muitas vezes seres tu a primeira a por o pé a frente quando alguém me aponta o dedo.
Amo-te minha pequenina, tenho saudades tuas... desculpa.

Gonçalo Camões
26/07/2010

1 comentário:

  1. a carta ta linda ate me tocou....parabens pela expressao, pelos sentimentos tocados, gonçalo tenho seguido o teu blog e davas um optimo jornalista ou escritor....os teus post são *****.
    adr

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