segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Primeiro Plano


            Acabei de ver o filme Silver Linings Playbook que nostalgia me consome ao ver finais felizes e ao perceber que estou triste. Porque é que é tão complicado o amor? Custa assim tanto acreditar, entregar o corpo, entregar a alma, saber que aquela é a pessoa cuja a vida é até mesmo mais importante que a nossa, que daríamos qualquer coisa só para tê-la ao nosso lado. Sinto-me a abdicar de tudo, a abdicar de tudo aquilo em que acredito em nome do amor, em nome do bem-querer que lentamente me vai deixando insatisfeito e consumindo a minha mágoa.
Não escolhemos quem amamos, mas cada vez mais começo a aceitar que os finais felizes só acontecem nos filmes. Quero-te, não te quero... só te quero quando estás longe, gosto de viver sozinho, é a minha independência... mais uma noite sem sono em que as palavras ecoam na minha cabeça. Porquê?
Sempre idealizei ter a minha casa, construir uma relação baseada no sentimento de crença e amor mútuo, de entrega, de fidelidade, de chegar a casa e saber que aquela pessoa está lá à nossa espera no “nosso” sofá, aguardando por nós para nos dar carinho. E onde está esse ideal agora? Porque é que o teu amor não é suficiente ao ponto de me quereres a teu lado de construirmos algo nosso? Onde é que está a piada de construir tudo sozinho e quando queres estarmos juntos.
Olho para a casa onde agora escrevo, nas fotografias penduradas na parede representado momentos de felicidade, olho para esta casa construída com amor e carinho, olho para a cama que agora partilhamos e que chega a noite sabe ter-te ao meu lado e saber que estás aqui, onde está isso agora? Sinto tudo colocado no lixo do dia para a noite como se nunca tivesse acontecido. Tanto que isto me magoa, tanto que isto me afecta, tanto que me corrói e não posso falar porque o meu amor por ti fala mais alto. Que raiva! Será que sonho assim tão alto?
Queria que uma vez na vida fosses homem com h maiúsculo e não te reduzisses às atitudes infantis de achares que uma relação é perfeita porque estamos separados. Queria que uma vez na vida dissesses quero-te aqui comigo ao meu lado, fica comigo porra, em vez de apenas ficares. Sinto-me um segundo plano. Nunca vou ser o teu primeiro plano não é? É demasiado para ti tamanho compromisso. Nunca te impedi de nada, não percebo porque é que me pões tão à parte como se eu fosse um entrave aos teus objectivos. Sou o primeiro a dizer-te vai, faz.
Se calhar só assim vais aprender que mais tarde ou mais cedo as decisões que tomamos na nossa vida têm consequências e que à escolhas que uma vez tomadas não têm retorno.
Cada vez me enfraquece mais o meu bem-querer de tão minado que o estás a deixar, nem os teus olhos de tristeza e preocupação comigo me enganam, estás preocupado porquê? É isto o que tu tanto anseias, é tudo o que queres, afirmas que não consegues viver no meu ideal, eu só tenho pena do ter idealizado contigo e por me ter entregue desta maneira a ti, porque agora sim, sei que não me mereces.
Dorme agora e descansa, amanhã talvez seja tarde demais.

Gonçalo Camões
5/2/2013

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