sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dissertações Familiares.


Sabe bem entrar de férias é uma realidade... pensar que finalmente podemos descansar a cabeça. A escola consegue ser desgastante, embora venha a criar as mentes brilhantes que dela saiem com o pensamento todo moldado! Para mim não são bem férias, diga-se antes que para mim é um alivio ao peso que me colocam nos ombros. E que peso!
Estou no Alentejo, mais propriamente Alter do Chão, aquele que me deprime segundo as minhas oscilações de humor. Não é novidade nenhuma. A Quinta de Santa Rosa, local onde habita o meu avô paterno e onde a minha família habitou durante várias gerações, dividida hoje por degradação e ruína dos que por cá passam é um livro aberto de histórias por contar que nela ficam presas ou passam de boca em boca pela fonte dos que a idade já respeita.
A minha família algo que eu foco muito, porque muitas vezes se demonstra como razão primordial dos meus problemas, é algo que me dá muito trabalho ou melhor não me dá descanso.
A gloriosa junção da família Vaz de Camões com os Pintão Quina e os dramas que dela provêm são um mimo para os meus olhos, ironicamente explana todo o desastre que nela ocorre e que, na possibilidade de ter continuidade por mais algumas décadas ou séculos, irá afundar-se como a crise financeira em que vivemos. Em tempos abastada, ideal de perfeição e glória para a pátria portuguesa, hoje não passa de um desastre ambulante em que nem com uma pala no olho atingem o explendor. Em tempos foi família de um grande poeta, alguns consideraram-no o maior poeta português de sempre, o mais ilustre, Luíz Vaz de Camões. Pobre e coitado, só lhe deram valor depois de ter batido as botas! Hoje, nem depois das botas batidas lá chegavam os desgraçados desta família. Barões, Marqueses, Poetas, Engenheiros Agronomos, entre outros charlatões que têm a mania que são importantes, mas na realidade ninguém sabe da sua existência, deve ser defeito de família...
E depois desta gloriosa análise de família dá-me vontade de rir, porque ao longo do tempo a família só se deteriora e com ela leva outros atrás. Ainda não referi eu os jantares em que os desgraçados soltam as garras, é como ver um episódio de Brothers and Sisters, só que pior...
Chego à conclusão de que é uma família demasiado presa ao passado, que sonha, mas não desenvolve, só vê glórias ultrapassadas e união desgastada pelo tempo, e isso reflecte-se nos seus descendentes.
Talvez um dia o Camões acorde e venha dar umas chapadas a esta família que bem precisa ou simplesmente fará o mesmo que eu, sentar-se-á a janela, ouvirá os roncos do meus avô com atenção e a televisão bem alta, porque a idade já lhe pesa, fumará um cigarro e rir-se-á de toda esta parafernália.

Gonçalo Camões
12/06/2010

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