domingo, 15 de novembro de 2009

Ensaio da Consciência

Olha-te… olha-te ao espelho! Então que fizeste tu desta vez? Claro… deixa-me adivinhar, chegas-te ao ponto de fazer porcaria outra vez! Só podia. Tu não aprendes rapaz? Sim, desculpas e mais desculpas. Que coitadinho que tu és!

Tu és um pobre desgraçado desta sociedade, não é verdade? Deixa cá ver… a tua vida não serve para nada, julgas que só prejudicas outros e simplesmente só por existires, sofres tormentosamente todo o santo dia. Tristeza! Já devias ter crescido, afinal que idade tens tu, uns meros dezassete anos, ora não deverias já ter estabelecido uma diferença entre o que é certo e o que é errado? As crianças pequenas é que não sabem isso, têm apenas o seu conhecimento empírico, esse saber tão baseado no senso comum.

Diz-me lá rapaz, essas olheiras que te impregnam a pele são os reflexos das asneiras que tens feito, são a tua forma de expressar um desejo de decessa, ou simplesmente estimas dizer que és um miserável? Sabes… quem sofre de coita são os românticos meu querido, portanto vê-la se te levantas dessa cama e se cessas esse choro inútil, aqui não há lugar para fracos. Que dizes? És fraco? Julgas que me aflige. Oh… mas que pena que eu fruo de ti, de ti e de tantos outros como tu! Lou Andreas –Salomé compreender-te-ia bem, não é verdade? "Se deixo errar meus pensamentos, não encontro ninguém. O melhor, afinal de contas é a morte." Os amargurados, desafortunados e condenados da sociedade, não é? Lá neles estarias tu bem. Deixa-te de coisas. Começo a ficar farto!

Guarda esses teus “oh meu Deus” para ti, essas preces tão tradicionalmente portuguesas, sim porque tu és daqueles típicos portugueses, só não ouves o fado, contudo sofre-lo como qualquer outro.

Já não quero saber, não tens qualquer interesse, padece lá esse teu sofrimento, enfia-te nesses lençóis quentes, nessa tua prisão, ai ninguém te encontra, não é? Fracassado! Quando daí saíres tudo vai cá estar, mas até lá… ilude-te então, droga-te nessas substâncias para o sono, são boas não são? Levam-te ao escuro. Que dizes, tu não tens amigos? Claro, depois de tudo o que tu fazes esperas que eles aqui continuem, esperando por ti, observando meticulosamente cada passo teu? Acorda para a vida rapaz ou então deixa-te adormecer na morte. Já me cansei de toda esta repetição de ideias e ideais.

Tu não vales nada! Ponto. Fica-te então nesses locais, eu vou viver a minha vida!

Gonçalo Camões

15/11/2009

1 comentário:

  1. Já agora ficas a saber que o conhecimento empírico é um saber tão baseado no senso comum que até é o próprio senso comum! Que maravilha hem? Mais, seria uma imagem bonita e melodramática a figura de alguém prostrado na cama envolto nos lençóis e atormentado pela mágoa e pela dor de viver, se no dia seguinte não houvesse um video da mesma figura a dançar num espaço semi-publico.
    O Fernando Pessoa queria ser feliz e inconsciente, tendo consciência disso. Tu vais mais além. Tu consegues ser consciente da tua inconsciência que conscientemente te leva a fazer coisas que inconscientemente denunciam alguém consciente em alertar a consciência alheia. És um pós modernista revisionisto-revolucionário.

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