quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Leviano

Encontro-me sentado observando a álea por onde teu majestoso ser terá descido hoje. Que visão agradável com um suave e doce acre aprazível. O negro preencheu o céu e à minha vista apenas saltam os candeeiros de rua que iluminam a estrada composta por uma acentuada descida esteticamente encurralada entre dois prédios, um azul remodelado e outro amarelo. Que faço aqui em plena e soturna hora? Perguntas bem. Apanho o comboio.

Porque é que é tão inevitável passar aqui e não pensar em ti, embora aqui cesse todos os dias? Não sei! Talvez seja o meu escape para esquecer os problemas, uma forma de me sentir junto a ti, uma feição de sentir que certo dia fui amado. Talvez, quem sabe? – Quiçá uma maneira de evitar ir para casa, ver a minha cama, outrora composta por ti, vazia… ou simplesmente saber que não é o teu leito o local onde me deparo. Eventualmente, será ainda, uma maneira de não cogitar afincadamente nas horas passadas em redor do hospital, nas intermináveis e extenuantes aulas e ainda nos fatigantes projectos que integro.

Por ventura achar-me-ás obsessivo no que toca às minhas emoções em relação a ti. Enganas-te! Obsessivos outros o são, eu apenas penso na tua pessoa, da qual, pelos vistos, o meu ser não é digno.

Ironias do destino. O comboio encontra-se numa paragem, mas, no entanto, diz o nome de outra. Fascinante! Alguém tenta deprimir-me colocando repetidamente o nome do teu local de habitação nas informações do comboio. Será um “Deja Vu”? Bem, irei focar o meu olhar noutras matérias sem relevo.

Estou a chegar ao meu local de destino. Pessoas virão para me distrair. Sendo assim, até uma próxima, o comboio efectuou a sua última paragem.

Gonçalo Camões

5/11/2009

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