segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Frustração

Olá amigo… hoje sinto-me frustrado, cogitante nos meus objectivos de vida e em ti. Não sei a que ponto cheguei, a que margem de erro irei eu proceder, ou talvez, até, quem sabe, sucumbir. Sinto saudades tuas sabes? Difícil de acreditar que depois de tanto tempo, ou tão pouco, depende do contexto de cada um, ainda padece de uma doença tal por ti, maior até talvez que o meu ser, se bem que esse tem um ego pequeno.
Uma simples conversa com a figura paternal incutida no universo familiar, levou-me a falar sobre ti… árduo de esquecer! Cheguei a uma conclusão, passo a explicitar-ta.
Sou um ser falhado, guiado pelas minhas inseguranças, pelos meus passos em falso, pelas minhas constantes quedas, das quais me levanto, e que no fim de contas, como um inócuo néscio, volto a cair. Acima de tudo sou deveras pouco sensato por não aprender com os meus erros. De certo poderia tratar-se de um equívoco, mas não, é pura realidade.
Diz-me esta utopia pela qual eu tanto anseio, e na qual tu te inseres, é o quê? Nem tu provavelmente me saberás responder!
O mais irónico desta situação é que não me sinto melhor, nem pior do que há uns meses atrás, vou arrastando a minha vida, abafando o meu Lucky Strike, conhecendo gente que não me completa e vou olhando pela janela, como um comboio que parte em direcção ao escuro, vendo-te desaparecer lentamente, ou então sou eu… sou eu quem desaparece lentamente.
A minha existência fragmenta-se, de certo, um paradigma de uma pedra quando embate num vidro, vai-se reduzindo ficando cada vez mais pequenina, estilhaçada… e no meio de tudo isto, afinal onde fica o verdadeiro “Eu”? Que parte dele sobra? Levaste-me aquilo que eu mais de poderoso e ambíguo tinha… tu.
Agora olho para os outros, vejo a sua felicidade, mas eu não alcanço a minha, o último resto dela partiu contigo. Desejava não evocar esses sentimentos, esquece-los de certa forma, porque agora ao teu olhar, eu pareço um estranho, algo que te faz parte da memória, mas a quem o passado remanesce presente, embora ofuscante. Enxergo os outros lutarem pelo que querem, vejo-te a ti, mas estou cego. Basicamente fito a vida dos outros e não vejo a minha. Quem sou eu afinal? Que faço aqui? Que papel tiveste tu na minha vida?
Contemplo o teu rosto, essa face esculpida ao pormenor, esse sorriso que contagia qualquer pessoa que se encontre na mesma sala que tu, mas este vai-se desvanecendo, porque faz apenas parte da minha memória, e essa tem rédea curta.
Sou um ser a quem a vida passa ao lado e que vive na tua sombra. Será esse o meu “eu”?

Gonçalo Camões
3/11/2009

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