segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Le Souffle

Hoje acordei frustrado, irado, descontente
Não quero enfrentar o dia lá fora
Não quero ver gente! Deixem-me só!
Sozinho com os meus cigarros.

Hoje não quero ver-te sorrir,
Não quero ver-te rir de meu descontentamento,
Pelo contrário, quero que sofras meu tormento!
E não te gabes! – Este desabafo não te é dedicado.

Hoje punjo na mira deste ser irado
Critico teus amores, enquanto tu com estes falas,
Obviamente excluindo-me de tal clube!
Eu! – O menos importuno e obsessivo.

Hoje deixei de acreditar em ti
Reformei meu estado de espírito,
Cheguei à conclusão de que pouco te importa
Se morro, ou se minh’alma está só.

Hoje não espero por teu apelo à meia-noite,
Não quero relembrar esta querida data,
Pelo contrário, quero deitá-la fora,
A ela e ao resto da escumalha!

Hoje dói-me a cabeça de desespero,
Não quero que invadas o meu pensamento
Deixa-me em paz, a mim e a meu sofrimento,
Que padecemos juntos em nossa sorte.

Que mau humor! Dizes tu plangente,
Pois se a mim me deixas-te só,
Esta é a tua paga – que paga sorridente.
Diverte-te então com outra gente.

Amanhã quando o cigarro se apagar
Já não quero nada, vou para o escuro.
Quanto a ti, não te preocupes comigo!
Aliás, sempre assim foi, porque havia de mudar?


Gonçalo Camões
9/11/2009

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