segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cegueira.


E eis que me sento aqui sozinho na cama. Hoje estou triste, sinto-me abandonado na meu leito, sinto-me deixado por todos, pelos vistos ninguém faz nada por mim e eu já o devia saber, mas não interessa, são devaneios meus.
Estou cego, cego e perdido, consumido por sentimentos que não se demonstram em mim, porque hoje eu sou frio e distante, eu sou mau para as pessoas, mas é a minha protecção, é a minha segurança para que não me magoem. Peço desculpa por isso.
Eu não era assim, a minha pessoa reformula-se, eu sou eu, mas estou bem escondido algures em mim, só preciso que me tirem a casca e que tenham paciência comigo.
Algures no meu passado eu sabia expressar-me sem dificuldade, hoje não, faz-me lembrar alguém. As palavras estão cá, mas a minha boca não as profere. Razão? Não sei, talvez medo, talvez medo de ser incompreendido, porque ainda ninguém atingiu qual é o meu problema.
E eis que aqui estou no Alentejo livre, contudo eu sou confuso e por mais que aqui esteja apetece-me voltar para Lisboa, para aquilo que me mata. Sádico? Não, apenas as saudades apertam.
Fecho os meus olhos e imagino aquele ser envolto em mim, as suas mãos percorrem o meu corpo, deixam-me desprotegido, enquanto os seus lábios tocam a minha pele levemente, sinto a pulsação de ambos, enquanto palavras são soltas, os corpos transpiram, enquanto são possuídos por uma fleuma ardente, envergados por prazer irracional, o ar transpira de cheiros exóticos, os corpos nus, o pescoço cingido pelo ombro de tal ser, o ósculo é solto e eu mostro-me ao mundo, cego, a minha pessoa revela-se, os meus sentimentos são expostos sem misericórdia, mas o meu coração bate de emoção, de certeza, de verdade, de bem-querer.
Disse de minha justiça, aqui exponho-me, este é o meu espaço, tenho saudades de tais emoções, de tais momentos, de tal ser. Chamem-me doido? Não, chamem-me humano!
Agora escuta-me... o toque dos teus lábios deixa-me desarmado, as minhas defesas vão-se, aí tu conheces-me. Oiço a tua voz e o meu mundo é abalado. Deito a cabeça no teu peito e ninguém me pode fazer mal. És tu.
Voltarei para o meu canto, sentado em tal leito, esperando por tal dia, cego de desejo. Esta é a cegueira que me consome.

Gonçalo Camões
6/04/2010


1 comentário:

  1. When our bodies colide, its like a rollercoaster we feel,we ear, we taste, we do everything that we can to enjoy the moment in is best...but i can tell you that the physical is no longer the most important, now i find myself thinking how important is to me that you know that i relly like being with you not only on the physical, but in the most important way, the emotional.
    for me you're the best thing that happened to me and i dont wanna lose you for nothing in this world.
    now i realized that my daughts were the most stupid thing ever, i apologize.
    I just wanna say that i like you a lot and please forgive me for being stupid.
    Adoro-te

    ResponderEliminar