quarta-feira, 7 de abril de 2010

Undisclosed Desires.


Não sabia o que escrever... hoje não havia razão aparente para tal, contudo apetecia-me ditar mais umas palavras sobre a minha pessoa.
A minha mente está presa a acontecimentos passados, relações, vivências, momentos de felicidade. O meu passado está inerte no meu corpo, não consigo exprimir-me de outra maneira, apenas sei que não me liberto dele.
Por norma sou um ser apaixonado, sempre fui, embora hoje seja consumido por uma frieza, por um apartar dos que amo, por um criar de um "eu" misterioso abatido por uma certa loucura...
Percebam houve razões que me levaram a ser o que sou, várias vezes digo que me estraguei, destrui os pedaços de alma bons que me restavam, isto deve-se às acções que tive ao longo dos anos.
Eu falo sobre mim essencialmente, isso todos sabemos, falo sobre as minhas experiências, sobre a minha vida, pelo menos aqui sinto que ninguém me julga.
Hoje prendo-me com palavras que se suscitam na minha cabeça. Haverá algum ser que me ache realmente bonito? Existe alguém que me conheça verdadeiramente? Será que alguém vê para além dos meus olhos? Será que não serei apenas o objecto sexual de alguém cujo o sangue está misturado com substâncias alcóolicas? Terei voltado ao antigo "eu" que apenas se questiona e nunca procura resposta ou é apenas mais um estado passageiro sobre o qual me evidêncio?
Tu olhas para mim, amas-me, envolves-me, eu fico preso, eu amo, mas porque é que tu me amas? Eu descrevo o que sinto, as revoluções que o meu corpo sofre quando se apresenta perante ti, os sentimentos que provêm deste acto, mas qual a razão para isso acontecer? Como é que nos apaixonamos?
Vês algo de belo em mim ou eu sou só mais um ser que idealizas? Eu consigo ser uma fantasia para muitos sem se aperceberem. Quando me vêm amam-me, quando me conhecem abandonam-me como se fosse um sem abrigo, deixam o meu corpo só, nu, desfalecido em desprezo.
Eu sou complicado por norma, tornei-me nisto que vês, terás tu a paciência para aturar os meus devaneios? Se assim é, fica aqui ao meu lado, deita-te no meu leito, prometo não falar mais no meu passado ou pelo menos tentar. Eu desejo-te, amo-te, quero-te, só preciso que o meu corpo seja embutido em teu toque para me sentir completo.
Eu nasci em berço de ouro que se foi desfazendo, tornando-se em prata, em cobre, chegando cada vez mais próximo da ferrugem. Serás tu o ser que me vai impedir de cair?
Cada dia que passa sinto-me melhor aqui no Alentejo, claro que tenho momentos que ninguém me entende, sou assim, amanhã já serei outro.
A minha pessoa reformula-se constantemente, adapta-se as situações, só gostava de poder ter um dia em que a minha alma será uma e apenas uma, poderei viver sem os fanstasmas do passado, mostrar quem sou. Será amanhã esse dia?

Gonçalo Camões
8/04/2010

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